Volta por fora

Purê de fruta em embalagem flexível é um exemplo
de como a apresentação pode recriar uma categoria

Por Guilherme Kamio*

Conceitos de vanguarda em embalagem podem sacudir mercados, conferindo até apelo de novidade a produtos que não são exatamente novos. A impressão é fatal ante a oferta crescente, no Brasil, de purês de frutas em cheer packs – modelos de stand-up pouch, bolsa plástica que fica em pé, dotados de bico dosador com tampa.

Ao topar com esses lançamentos, provavelmente poucos perceberão se tratar de algo idêntico ou muito parecido ao que há tempos chega aos supermercados em potes de vidro.

purezinhodefrutas_nestleHabituada a oferecer preparados desse tipo sob a denominação de papinhas (de sua Etapa 1, voltada a bebês a partir dos seis meses de idade), a Nestlé acaba de lançar uma linha de purezinhos de frutas, a Nestlé Frut, apresentada em cheer packs.

Jogada similar, também recente e importante, fez a Ebba (Empresa Brasileira de Bebidas e Alimentos). Com seus purês de frutas, a companhia promoveu a estreia de Maguary, marca ilustre do setor de sucos e néctares, no campo dos alimentos.

As apostas de Nestlé e Ebba surgem na esteira daquelas concretizadas meses atrás por Heinz, Jasmine e certas empresas regionais ou iniciantes. A onda toda, por sua vez, reflete o sucesso em âmbito internacional. “Esse tipo de produto já tem um mercado maduro nos Estados Unidos e na Europa e é uma tendência que cresce no Brasil”, comenta Lilian Yokota, gerente de desenvolvimento de marketing da Ebba.

Além da boa visibilidade nos pontos de venda, o cheer pack garante aos purês de frutas shelf life amplo (de até quinze meses) em gôndola seca e apelo natural, por permitir dispensar o acréscimo de conservantes. O bico possibilita dispensar o conteúdo de forma conveniente e a tampa de rosca provê capacidade de resselagem da embalagem.

AF_Maguary_Mockup_Pure_Maca_1408131Apesar desse conjunto de predicados, o fundamental parece mesmo ser o fator novidade. Nesse caso específico, parece não haver entre os fabricantes o conhecido receio da introdução de uma proposta de apresentação com a qual o público não está afeito. Purês de frutas, que no País nunca foram hits de consumo, podem ser trabalhados como uma categoria nova.

Essa “sorte” da embalagem flexível pode se perpetuar com a consolidação da categoria no Brasil. Por ora, os produtos são importados já acondicionados. Os purês Maguary, por exemplo, são oriundos do Chile. Os da Nestlé, assim como os da Heinz, vêm do México. “Optamos pela importação para antecipar a introdução do produto no mercado”, declara a Nestlé.

Se as vendas desses derivados de frutas decolarem, o varejo ganhará uma “nova” categoria e o setor de embalagens será aquinhoado com oportunidades de negócios. “Se houver aceitação, volume e rentabilidade, a produção pode ser nacionalizada”, avisa a Ebba. Esse tipo de estratégia soa interessante para inovar e dinamizar negócios – ao menos enquanto o câmbio o permitir…

Guilherme Kamio, jornalista, é editor executivo de EmbalagemMarca.

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