Parte dos rótulos destinados à Polpel para reciclagem que não pode ser recuperada é transformada em quadros
Daniel Lauzid é um profissional com larga experiência no ramo de papel. É dele a ideia, nascida nos anos 1990, que resultou na tecnologia de reciclagem de resíduos de liners, desenvolvimento feito no Brasil que hoje ajuda brand onwers e gráficas a melhorarem seu desempenho em termos de sustentabilidade.
Há mais de vinte anos, ao se deparar com liners descartados no aterro, Daniel viu que o material – mesmo tendo em sua estrutura fibra nobre de celulose – não era aceito pelas empresas de reciclagem de papel. Inconformado, foi para o laboratório para achar uma maneira de impedir esse desperdício, até chegar à tecnologia capaz de reinserir a matéria-prima no ciclo produtivo, hoje disponibilizada pela Polpel. O processo continua a evoluir, gerando fibras cada vez mais puras, que hoje já podem ser reincorporadas até em papel cartão destinado a embalagens de itens sofisticados, como cosméticos.
Os estudos do inventor para recuperar materiais de difícil reciclagem não param. “Eu não acredito no lixo”, explica Daniel, que nas horas vagas dedica-se à arte (curiosamente, uma arte realizada com resíduos industriais).
Os clientes da Polpel já viram, certamente, alguns dos quadros elaborados por ele. Eles estão espalhados pelas paredes do galpão onde ocorre a reciclagem. A ideia de Daniel é encantar quem vai à Polpel não só com o inovador processo de reciclagem, mas também pelo prazer de contemplar sua arte.
Com pedaços de rótulos autoadesivos que seriam descartados (no processo da Polpel, apenas os liners são recuperados), Daniel cria imagens místicas, como mandalas, colando-os em camadas sobrepostas, criando efeitos visuais sofisticados com a incidência da luz.
Os quadros, que demoram meses para ser concluídos, num minucioso trabalho de montagem, aos poucos vão se multiplicando. “Nossas paredes estão virando uma verdadeira galeria de arte”, define Ailton Alves, diretor da Polpel. Ele conta que alguns clientes da empresa já tiveram o privilégio de receber um desses quadros, feitos com exclusividade para cada um deles. “Aqui, nada vira lixo. Se não é reciclado, o Daniel transforma em arte”, brinca Ailton.
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