Previsões de que compras on line substituirão de vez as lojas físicas parecem ser exageradas
Por Wilson Palhares
Multiplicam-se nos meios de comunicação previsões e palpites definitivos de que as lojas físicas do varejo estão a caminho da extinção, devendo “em breve” ser substituídas pelas vendas via internet. Em tais visões, é eventualmente insinuada a possibilidade de que as grandes redes de autosserviço desaparecerão enquanto negócio.
A mais recente novidade em compras on line, posta em prática em diferentes canais de mercados mais dinâmicos, como o americano e o inglês, é a das vendas automáticas. Resumidamente, uma variante desta modalidade consiste na combinação de dispositivos inteligentes e dados analíticos de comportamento de compra de consumidores cadastrados, para entrega, com a concordância prévia do comprador, de produtos de seu uso habitual (devidamente faturados) em seu endereço.
Outra variante é o sistema de envio de amostras de produtos que vão desde artigos de higiene pessoal e bebidas até brinquedos e rações para animais domésticos a pagantes de assinaturas mensais de valores relativamente baixos.
Finalmente, naqueles mercados mais maduros há várias tentativas de consolidação de um sistema em que, para determinados produtos, basta o interessado, já inscrito num cadastro, simplesmente acionar uma tecla do computador para efetivar a compra. Assim, essa clientela leal garante determinado volume de compras, com mais agilidade e menos trabalho do que acontece, por exemplo, no caso das cápsulas de Café Nespresso, da Nestlé, em que é preciso fazer a operação através de um site específico.
Todas essas e outras variantes geradas por especialistas em informática e algoritmos servem de base para as predições de gurus do marketing de que não só as lojas do varejo, como o próprio varejo, serão substituídos pelas transações eletrônicas. Talvez estejam exagerando, sem atentar para o fato de que a maior parte das redes de autosserviço já implementou e vem fortalecendo sólidos programas de atendimento on line para fidelizar clientes e ampliar as vendas de suas lojas físicas.
Vale dizer que o varejo está substituindo o varejo. Talvez seja apenas uma questão de forma, mas o ideal é que “previsões” do gênero sejam feitas com mais cautela e linguagem adequada. Como comentou Mark Twain ante rumores que o davam como morto antes de o ser: “Parece-me que as notícias sobre minha morte são manifestamente exageradas”. É o caso.