Sete pontos para avaliar uma premiação setorial

Por Marcos Palhares

Nos últimos anos, assistimos à proliferação de premiações nos mais diversos setores. Há desde aqueles “Prêmios de Qualidade” que são concedidos a empresas selecionadas (por uma busca no Google), mesmo que ninguém as tenha avaliado, até iniciativas sérias, cujo objetivo é promover práticas positivas para a indústria em questão.

Marcos Palhares é diretor da revista EmbalagemMarca. Formado em Administração pela FGV e pós-graduado em Gestão Estratégica de Embalagem pela ESPM, é mestre em Administração pela FEA/USP e MSc em Pesquisa de Administração pela Universidade de Oxford (Inglaterra). É professor do Istituto Europeo di Design.

Marcos Palhares é diretor da revista EmbalagemMarca. Formado em Administração pela FGV e pós-graduado em Gestão Estratégica de Embalagem pela ESPM, é mestre em Administração pela FEA/USP e MSc em Pesquisa de Administração pela Universidade de Oxford (Inglaterra). É professor do Istituto Europeo di Design.

No meu caso, a “indústria em questão” é a de embalagens, onde há algumas premiações, nacionais e internacionais, que atraem os olhares de brand owners, agências de design e empresas fornecedoras. Como em geral a participação em eventos dessa natureza envolve custos (e horas de trabalho consumidas no processo), é praticamente impossível concorrer em todos eles (ainda mais em períodos de contenção geral de gastos).

Sendo assim, como selecionar as premiações mais relevantes (no Brasil e no exterior) para a sua empresa, e como fazer valer o dinheiro investido na participação nos eventos escolhidos?

Estando há quase dez anos trabalhando com isso*, listo abaixo pontos que, ao meu ver, deveriam necessariamente ser considerados previamente pelos interessados em submeter seus projetos à avaliação de organizadores de prêmios.

  1. OBJETIVOS: Tente fazer uma análise sobre os motivos importantes para que sua empresa participe do Prêmio. Vai dar visibilidade à sua marca? Vai dar reconhecimento aos profissionais da sua empresa? Vai ser importante como insumo para as campanhas de marketing? Vai estimular os relacionamentos com seus pares e com o restante da cadeia produtiva? Repare que, se a última pergunta for importante para sua empresa, não necessariamente é preciso estar entre os vencedores para que haja bons resultados…
  2. RELEVÂNCIA: Pergunte-se qual a relevância da premiação, levando em conta a imagem que ela tem no mercado. Qual o grau de reconhecimento que o Prêmio tem no seu segmento de atuação? Qual a importância dos organizadores nessa indústria? Que plataformas os organizadores oferecem aos vencedores para divulgar o feito ao mercado?
  3. CREDIBILIDADE: Veja se o processo de premiação é idôneo, ou se é uma daquelas iniciativas em que “quem paga, ganha”. Ou, ainda, se é um daqueles prêmios que inventam categorias novas para encaixar vencedores que perderiam em suas categorias originais, obtendo retorno financeiro com essa ação, ou que premiam descaradamente os próprios patrocinadores. Numa premiação, você pode até ficar chateado com os resultados. Mas precisa sair convicto de que não houve má-fé na seleção dos ganhadores. Também é importante que você consiga reconhecer méritos nos projetos vencedores. Julgamentos, por mais objetivas que sejam suas diretrizes de avaliação, envolvem subjetividades. O que não pode haver é viés…
  4. INVESTIMENTO: Existem, como mencionado acima, custos envolvidos na participação de eventos. Inscrições e participação nas cerimônias, em geral, são os mais comuns. Não se pode negligenciar, contudo, o gasto com envios de amostras (nem os custos das próprias amostras). Também é preciso prever despesas com deslocamentos e viagens. Sem falar que há, ainda, premiações em que as empresas são obrigadas a pagar taxas (geralmente salgadas) se estiverem entre as ganhadoras… Calcule tudo com antecedência, para não se pegar torcendo para que seus projetos não ganhem…
  5. BOM USO DA VERBA: Se a sua empresa decidir participar de uma premiação (ou de várias), contudo, tenha em mente que é preciso fazer valer o dinheiro ali investido. Não adianta mandar o estagiário cuidar das inscrições, sem supervisão, e criar grandes expectativas no final, pois elas certamente serão frustradas. Também não adianta ter com os regulamentos a postura que (quase) todos temos com manuais de instruções, que é a de ignorá-los por completo. Regulamentos dão ótimas dicas sobre como devem ser feitas as inscrições, sobre o que os jurados avaliarão, e contêm instruções sobre aspectos operacionais, como o envio de amostras. Por fim, planeje-se para aproveitar os contatos que podem ser feitos nas festas onde é feita a divulgação dos premiados.
  6. CERIMÔNIA DE PREMIAÇÃO: Há eventos e eventos… Alguns são chatíssimos e intermináveis. Outros são imperdíveis pelo networking. Existem os que valem a pena pela comida e pela bebida. Alguns revelam os vencedores com antecedência, e viram uma festa de confraternização. Outros mantêm o segredo até o final, e têm uma adrenalina adicional. Há festas elegantes, assim como há encontros cafonérrimos. Pesquise antes, para não entrar em barcas furadas.
  7. PRÊMIOS INTERNACIONAIS: A decisão de participar ou não de seleções internacionais passa pelos mesmos critérios de avaliação dos prêmios locais. Sugiro que se dê especial atenção aos itens 2, 3 e 4. Muitas premiações internacionais são verdadeiros caça-níqueis. Algumas são organizadas por empresas que existem apenas para realizar (e arrecadar) com prêmios. Outras fazem um “catado” de premiações locais (boas e ruins, indistintamente) para angariar inscrições. Naturalmente, a fatura chega. Ou melhor, a invoice chega…

 

* Sou organizador do Prêmio Grandes Cases de Embalagem, lançado em 2007 com os objetivos de promover bons projetos de embalagem e estimular a integração dessa cadeia produtiva.

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