A força das embalagens antimicrobianas: um novo capítulo se inicia para o setor

Por Daniel Minozzi*

*Daniel Minozzi é químico, mestre em ciências de materiais pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) e fundador e Diretor da Nanox, empresa especializada em nanotecnologia

Se existe um produto que pode ser considerado universal é a embalagem. Ela marca presença em praticamente todos os produtos que precisam ser protegidos de danos e avarias. Infinitos mercados se utilizam dela. Mas têm alguns “passageiros” que não são bem-vindos nesses invólucros: os vírus e bactérias.

Muitas vezes se torna impossível evitar que a própria embalagem não seja contaminada com esses microrganismos já que fica exposta ao ar durante o processo logístico. E a pandemia colocou em evidência a necessidade de trazer segurança para o seu manuseio, evitando que ela seja mais um mecanismo de contaminação cruzada.

Após inúmeros testes, a tecnologia de prata da Nanox, que já tinha propriedade de proteção contra vários microrganismos, também se mostrou uma excelente combatente do novo coronavírus ao ser aplicada em diversas superfícies. Por meio de mecanismos de ação, inativa o vírus por contato em poucos minutos.

Essa tecnologia, cuja aplicação é segura por seguir diretrizes regulatórias em função do produto ou meio ambiente, age nos microrganismos por meio de suas membranas celulares, causando danos irreversíveis em sua estrutura ao desativar moléculas vitais. Além disso, interage com o RNA dos vírus e DNA das bactérias, evitando que se repliquem.

A adição da prata nas embalagens deu tão certo que hoje já se pode mensurar a criação de um segmento de embalagens antimicrobianas que ganha cada vez mais espaço no mercado total de embalagens, que hoje, seguindo estudo macroeconômico realizado pela FGV, tem a previsão de o valor bruto da produção física do produto atingir o montante de R$ 92,9 bilhões neste ano.

Nesse universo, os plásticos representam a maior participação no valor da produção, correspondente a 39,6% do total, seguido pelo setor de embalagens de papel/cartão/papelão, com 31,6%, metálicas com 19,9%, vidro com 4,5%, têxteis com 3,0% e madeira com 1,4%. Nesse sentido, já existem diversas iniciativas muito bem-sucedidas que aos poucos vão ganhando a atenção do mercado.

No plástico, uma das novidades é a FlexProtec, filme plástico antimicrobiano desenvolvido para reduzir a presença de bactérias e vírus – incluindo o coronavírus. Além de eficiente na eliminação dos agentes contaminadores, ajudam também a conservar produtos mais sensíveis por mais tempo. Pode ser utilizado para embalar alimentos, chocolates, bolos, pães, frutas, vegetais, legumes, produtos de higiene e limpeza, entre outros.

Outro exemplo de sucesso é a criação de uma embalagem de papel com tecnologia antiviral, antibacteriana e antifúngica pela indústria Irani. Com o aumento das compras pela internet durante a pandemia, o número de embalagens que chega na casa das pessoas também subiu, o que tornou a necessidade de proteção ainda maior. A embalagem da Irani inativa não somente o coronavírus, mas também o H1N1, adenovírus, fungos e bactérias.

Apesar de os estudos mais recentes apontarem a baixa transmissão do novo coronavírus por superfícies, a busca por maior higiene já virou um hábito e preocupação por parte dos consumidores. Por isso, a tendência de adesão do mercado a esse tipo de embalagem é grande.

As embalagens antimicrobianas se juntam à adoção de máscaras, utilização do álcool gel, entre outras medidas preventivas, para ajudar a fechar o cerco cada vez mais contra a contaminação pelo coronavírus, incluindo a nova variante delta.

Acredito que esse mercado de embalagens antimicrobianas veio para ficar e não tem mais volta. Para as empresas é um novo mercado que se abre e uma forma de contribuir contra o coronavírus. E para o consumidor, mais um meio importante para preservar a saúde, nosso ativo mais precioso.

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