Por Luiz Gonzaga Coelho
Uma empresa tem alguns pilares essenciais que formam a sua missão. O primeiro pilar é atender seu cliente de maneira eficiente, proporcionando uma experiência de qualidade, num custo que ele possa absorver. O segundo é o respeito com os colaboradores. Criar esse coletivo interno de maneira coesa, com todos participando do desenvolvimento com um entendimento claro do que a empresa faz, levando e trazendo valores.
O terceiro pilar é ter uma relação boa, transparente, construtiva e continuada com seus fornecedores, sempre norteada pelo compliance. O quarto é atender as necessidades da comunidade onde a empresa está inserida. A empresa sempre teve um valor extremamente importante dentro da sociedade. Ela precisa estar ativa, contribuir com ideias, gerar empregos, entender quais são os problemas da comunidade e ver de que maneira pode ajudar.
Como pagadora de impostos — que não são poucos — também deve cobrar que a gestão pública utilize esses recursos de maneira coerente e eficiente. Além de contribuir e ter um comportamento ético, bem como ser um exemplo para os cidadãos.
Hoje a maioria dos trabalhadores tem mais confiança no seu “patrão” do que em qualquer político. Essa sempre foi a minha visão, desde os anos 1990, quando eu ainda morava e fazia minha carreira na Suíça. Quando comecei a empreender, junto com meu amigo Philippe Glatz, que hoje é meu sócio aqui no Brasil, comungávamos destes mesmos valores, que com o tempo só se consolidaram.
O lucro não pode ser o único objetivo de uma empresa. Ao mesmo tempo, se ela não gera lucro, não existe. Se a organização cuidar de todos os pilares que citei, inevitavelmente terá resultado econômico, o que é primordial para ela continuar crescendo.
Ao longo do tempo, as empresas que adotaram a atitude de ter um comportamento ético e de comprometimento com o desenvolvimento da sociedade ganharam destaque porque passou a ser uma demanda do mercado. O cliente, quando compra, quer saber de quem está comprando esse produto. “Qual é o comportamento dessa empresa? Do fornecedor? Ela respeita o meio ambiente? Ela respeita seus colaboradores?”
O consumidor não é mais aquele que absorve a propaganda, vai à loja e compra. Agora ele diz: “Eu quero um produto que me dê uma boa experiência, que atenda minhas necessidades, que tenha uma relação custo-benefício e que seja de produção responsável”. Essa competitividade vai sempre trabalhar para que os produtos sejam melhores e mais econômicos, atendendo todos os stakeholders — sociedade, trabalhadores, fornecedores, meio ambiente e também os acionistas.
Desde que iniciamos nossos empreendimentos no Brasil, por volta do ano 2000, tanto na indústria quanto na área da saúde, esses foram os nossos motivos condutores. A C-Pack foi criada com uma certificação internacional de responsabilidade social, com respeito ao meio ambiente, aos colaboradores, criando células de crescimento contínuo e de educação. Não por única e exclusiva exigência do mercado, mas por fazer parte dos nossos valores. Nós acreditamos que a empresa, onde passamos um terço do nosso dia, deve proporcionar valores além do salário. E esses valores são desenvolvidos na célula de trabalho, assim como na célula familiar. Eu acredito que a composição de todas essas forças é que nos faz prosperar e ter harmonia social.
Discurso ambiental
O discurso ambiental é complexo porque segue tendências e envolve muito dogmatismo. Eu, no braço industrial, produzo embalagens plásticas. Como alguém que tem uma visão ecológica, de respeito ao meio ambiente, de sustentabilidade e continuidade, pode trabalhar com plástico? Quando se pensa em plástico, a imagem geralmente que vem são golfinhos, peixes e tartarugas mortos por ingerirem ou ficarem presos em plástico solto no mar. Isso forma uma concepção distorcida, sem base científica do processo.
O problema que atinge os animais marinhos é a destinação e o tratamento do resíduo, não a matéria-prima em si. O plástico, que é visto como vilão, se comparado às embalagens de alumínio, vidro ou metal, gera emissões reduzidas de carbono, com menor agressão ao meio ambiente, pois gasta bem menos energia no processo de produção, além de ter a grande vantagem de poder ser reciclado inúmeras vezes. E quando não se pode mais reciclar ainda serve como uma bateria energética. Usinas de incineração em diversos países usam o plástico como combustível. E para o CO2 ou o resultado poluente da queima do plástico já existem chaminés e filtros de captação e tratamento.
A grande questão está em trabalhar para que o ciclo de sustentabilidade seja completo. Quero reforçar a responsabilidade social e ambiental que as empresas sempre tiveram. Antes não demonstrada, mas hoje muito mais clara. Todos os nossos empreendimentos aqui no Brasil, tanto na área de embalagem quanto de saúde sempre prezaram por essa relação respeitosa com clientes, colaboradores, sociedade e meio ambiente.