As tendências que impulsionam o setor e o que fazer para sobreviver aos momentos de instabilidade econômica
Por Marcelo Vieira de Sá e Daniel Ghislandi (*)
No segmento de embalagens, inovar não é uma questão de escolha, mas uma necessidade diante de um cenário competitivo e dos obstáculos impostos pelo próprio ambiente de negócios brasileiro. Neste sentido, companhias que buscam antecipar tendências têm possibilidades concretas de expandir mercados e, no melhor dos universos, conseguem implementar inovações disruptivas que tornam sua concorrência obsoleta.
Alcançar este estágio de maturação tecnológica, obviamente, não é algo que ocorre da noite para o dia. No Brasil, o fato é que ainda precisamos escalar alguns degraus no quesito da inovação.
Para citar um exemplo, segundo dados do BCG (The Boston Consulting Group), cerca de 63% das grandes companhias brasileiras já utilizam o Big Data para otimizar seus processos. Este é um índice positivo, sem dúvidas, todavia, pouco mais de 40% dos
empresários utilizam estes dados como forma de identificar oportunidades de inovação – a média global é de 57% de acordo com o BCG.
E de que maneira as companhias brasileiras podem melhorar seu potencial para desenvolver novas tecnologias? Esta resposta, certamente, envolve outras variantes e não se resume a uma fórmula mágica, mas, ao menos dois elementos obrigatórios devem ser observados: o acompanhamento das tendências do mercado e a capacidade de identificar as demandas – tanto as ocultas, quanto as evidentes – dos consumidores.
O plano das tendências também pode ser dividido em dois principais pilares – as inovações operacionais e o lançamento de novos produtos ou melhorias.
Em relação ao aspecto operacional, um caminho que grandes empresas do mercado vêm seguindo se refere ao investimento em sistemas de gerenciamento logístico, como forma de otimizar os processos de delivery e, consequentemente, aumentar o nível de satisfação dos consumidores e a excelência nos processos de entrega.
Na Canguru, por exemplo, fizemos a implementação este ano de um sistema de monitoramento logístico baseado no indicador de performance OTIF (On Time In Full). Utilizada por grandes empresas de padrão internacional, a métrica conta com duas premissas básicas: os itens da venda devem ser entregues no intervalo de tempo negociado (On Time), estando em perfeitas condições físicas e dentro das quantidades estipuladas (In Full).
Os resultados advindos dessa implementação são excelentes: em menos de dois meses de uso, já conseguimos elevar nosso índice de eficiência logística de 65% para 95%.
Outro caminho seguido pela indústria no plano operacional é o Business Intelligence aplicado ao gerenciamento das relações com os clientes (CRM – Customer Relationship Management). Esse é outro ponto a ser observado e favorece um conhecimento mais profundo, tanto de targets quanto da base de clientes de uma marca.
Já quando falamos do lançamento de novos produtos e melhorias que possam influenciar o mercado, os critérios de sustentabilidade continuam sendo nortes interessantes para a indústria de embalagens. Uso de tintas renováveis, reaproveitamento de materiais e desenvolvimento de embalagens segundo uma visão sustentável, não só contam com um alto valor de mercado, como favorecem o meio ambiente e a redução do desperdício nas indústrias.
Há ainda a adaptação de tecnologias para o uso em novas opções de produto, como no caso de embalagens com funções multimídia, aplicações de realidade aumentada e o uso de NFC (Near Field Communication) para a comunicação entre embalagens e dispositivos eletrônicos. Tal cenário, que há poucos anos poderia parecer um exagero futurista, aos poucos, vai se tornando uma realidade.
No entanto, como disse acima, não basta acompanhar as tendências, precisamos antecipá-las. E isso só é possível através de um conhecimento amplo das demandas de seus clientes e do segmento de embalagens como um todo. Faça pesquisas, pense fora da caixa e procure localizar onde você e seus concorrentes estão falhando na oferta de soluções para o mercado. Deste modo, é possível transformar a inovação em um elemento constante na realidade de sua companhia.
Precisamos, por fim, ficar atentos às movimentações da economia do país. Aos poucos, iniciamos um movimento de recuperação na indústria brasileira. Ainda assim, as companhias não podem ficar reféns de oscilações econômicas. Por este motivo, a inovação deixou de ser uma escolha. Em cenários de crise, ela pode ser a única saída para criar novos mercados e, deste modo, superar tormentas.