Solução nacional fecha o ciclo da rastreabilidade, validando a origem de materiais reciclados e combatendo greenwashing em embalagens

Enquanto a economia circular avança no discurso corporativo, a indústria se depara com uma lacuna crítica de confiança: como provar a origem e a quantidade do material reciclado em uma embalagem? O desafio vai além da simples autodeclaração. A cadeia de suprimentos expõe o PCR a riscos de fraude no balanço de massa, diluição intencional ou mesmo roubo de carga. A pergunta é crucial: como certificar, com precisão científica e auditoria, que 100 quilos de um material reciclado que saíram de um ponto são exatamente os mesmos que entraram na fábrica final, e que o material tem, de fato, a procedência declarada?
A resposta para blindar essa cadeia de custódia está em uma tecnologia 100% brasileira que transforma o plástico em um documento de identidade circular. Essa inovação insere um “token físico” invisível na própria matéria-prima, permitindo que a embalagem seja rastreada e auditada cientificamente. Com isso, a indústria ganha uma ferramenta poderosa para validar o conteúdo reciclado e eliminar fraudes, garantindo que as metas de sustentabilidade sejam cumpridas com total transparência e rigor.
Desenvolvida pela Ciclopack e validada pelo Instituto de Química da USP, a solução CicloID foi criada especificamente para compliance anti-greenwashing e fechamento da circularidade. Por meio de nanotecnologia aplicada diretamente no material reciclado – seja no início da cadeia (reciclador) ou no transformador (fabricante da embalagem) –, a tecnologia atesta de onde veio o reciclado (litoral, aterro), quanto conteúdo reciclado foi realmente colocado na composição e rastreia o caminho do material até o pós-consumo. Tudo em menos de um minuto, usando espectroscopia no infravermelho próximo (NIR), sem abrir a embalagem.
“A economia circular só funciona quando você consegue validar materialmente o que está documentado. Balanço de massa não garante nada – você pode ter 100 quilos saindo da fábrica, mas não sabe se os 100 quilos que chegaram no destino são os mesmos, ou se houve fraude, roubo de carga, mistura com material virgem ou até pedras na balança”, afirma Leonardo Roriz, CEO da Ciclopack. “Nossa tecnologia coloca um token físico no reciclado. É como se cada quilo tivesse uma identidade molecular impossível de falsificar. Isso fecha o ciclo com ciência, não com documentos e auto declarações que podem ser manipulados. Isso muda completamente o jogo da economia circular. Sai do ‘eu disse’ e entra no ‘eu provo’.”
O CicloID funciona inserindo identificadores moleculares diretamente no material reciclado durante o processo produtivo. Esses marcadores criam uma assinatura físico-química única que acompanha o material em toda a jornada circular, um thread ou lastro físico – da origem do reciclado, passando pela transformação em embalagem, até a separação pós-consumo em cooperativas. A validação é feita por espectroscopia NIR: um feixe de luz “lê” a composição e compara com o modelo de referência calibrado pela equipe técnica da Ciclopack, identificando qualquer inconsistência com o declarado.
“Quando você insere a nanotecnologia no reciclado, consegue atestar a origem – se veio do litoral ou de aterro – e o teor real de conteúdo reciclado quando inserido na embalagem. Além disso, na hora da separação pós-consumo, cooperativas com equipamentos automatizados conseguem identificar que aquela embalagem possui a tecnologia, puxar as informações dela e saber de qual marca foi, de qual lote, mesmo sem rótulo”, explica Roriz. “Você fecha o ciclo de verdade: do reciclado que entra até a embalagem que volta para reciclagem.”
Diferente de sistemas baseados apenas em documentação e balanço de massa – que não garantem que o produto físico corresponde ao registrado –, o CicloID adiciona a camada de validação material. Se uma embalagem declara 50% de conteúdo reciclado litorâneo, é possível confirmar cientificamente se aquela composição está correta e identificar em que ponto da cadeia houve eventual desvio, substituição ou fraude. “Isso aumenta drasticamente a accountability. Não é mais possível fazer greenwashing porque há validação material em cada etapa. Quem atua com ética ganha proteção e diferenciação real. Quem tenta enganar, é barrado pela ciência”, pontua o CEO.
Além do CicloID voltado para economia circular, a Ciclopack desenvolveu o eDNA, solução específica para autenticação e anti falsificação de embalagens. Com múltiplos elementos de segurança (selos, tampas, lacres) que “conversam” entre si por meio de redundância codificada, o eDNA garante que a embalagem é autêntica e não foi violada – tecnologia aplicada principalmente em bebidas e produtos de alto risco de falsificação. “São soluções complementares: o eDNA combate fraude e falsificação; o CicloID combate greenwashing e fecha a circularidade”, explica Roriz.
A tecnologia também permite que cooperativas e centros de triagem gerem dados valiosos no momento da separação. Com equipamentos automatizados, é possível identificar o tipo de plástico, a marca original, a máquina em que foi produzida e todo o histórico da embalagem – informações críticas para melhorar a qualidade e o valor do material reciclado que retorna à cadeia.


