Por Ricardo Sastre*

Estamos nos últimos dias do ano, assim como o lançamento de novas tecnologias, o tempo psicológico, aquele que percebe de maneira subjetiva e interna e que pode ser distorcido por emoções, lembranças e sensações, parece estar cada vez mais rápido, ao contrário do tempo cronológico, o que mede objetivamente, como o relógio e o calendário e permanecem inalterados.
Em dezembro o tempo voa e logo comemoraremos as festas de final de ano. Novamente o tempo será relativo, aquelas tarefas que acumularam durante o ano precisam ser entregues e os pedidos para abastecer o aumento do consumo também. O relógio e o calendário continuam em seus devidos lugares, difícil é manter os ânimos.
Fazendo uma retrospectiva no mercado de embalagens, percebeu-se através dos cases apresentadas nos principais prêmios da categoria, um aumento expressivo de soluções no uso de materiais reciclados, refletindo em novas soluções de fabricação e logística reversa. Em contrapartida, poucos projetos apresentaram soluções disruptivas. Arrisco em escrever que atualmente considerar a reciclagem em todos os setores é pré-requisito. O planeta não pode mais esperar (tempo cronológico).
As ações internacionais tais como, os conflitos territoriais, entrada mais agressiva da China em alguns segmentos no Brasil e o tarifaço americano impulsionaram as empresas a repensarem seus modelos de negócio e na redução imediata de custos, refletindo nas embalagens. Primeiramente esmagando fornecedores e posteriormente repensando projetos e evitando desperdícios (modelo de pensamento linear).
Por fim, a inteligência artificial passou de uma promessa para uma realidade, assim como outras tecnologias implantadas ao longo dos anos em nosso setor. A transição dos processos de impressão – da tipografia a impressão digital e a entrada dos computadores no final dos anos 80 – da letra sete a editoração eletrônica, por exemplo. Ambas percorreram os mesmos caminhos – da desconfiança a aceitação.
Para 2026, o tempo psicológico continuará girando mais rápido e as busca de soluções para redução de impacto ambiental e o amadurecimento da inteligência artificial também.

Usando o lado racional diante deste cenário, emerge uma reflexão recorrente nos grandes filósofos da humanidade sobre o repensar a essência do ser humano e o seu propósito neste planeta. A mudança estrutural de como nos relacionamos com os artefatos passa predominantemente pelas pessoas. Por que continuamos consumindo mais do que o necessário? Por que ainda resistimos a repensar nossas ações e modelos de negócio? Por que não dedicamos nosso tempo em entender em profundidade o comportamento da humanidade ao invés de focar nas novas tecnologias?
O Google levou 78 meses para atingir 100 milhões de usuários no mundo, o Spotify 55 meses e o Instagram 30 meses. O ChatGPT levou apenas 2 meses para atingir esta marca, segundo o Google trends. Quem está lucrando com tudo isso?
Diante deste contexto do efeito manada que influencia negativamente no comportamento da humanidade, por ignorar a lógica, cria expectativas irreais e não mede os riscos e as perdas. É preciso ser disruptivo através do autoconhecimento com clareza sobre os próprios valores e objetivos. Exercitar o pensamento crítico, questionando a razão por trás das ações, por exemplo: essa mudança na embalagem contribuirá para a melhoria dos índices que medem a redução de impacto ambiental no planeta? Minhas ações estão sendo baseada em dados ou estou seguindo uma tendência de mercado?
Precisamos repensar nossas ações imediatamente e contribuir para a preservação do local onde vivemos, fica a esperança de que em 2026 possamos vivenciar novos projetos de embalagens que realmente façam sentido e que o requisito mandatório seja a efetiva redução de impacto ambiental.


