Educação pela embalagem
Educação pela embalagem
Educação pela embalagem
Educação pela embalagem
Educação pela embalagem
Educação pela embalagem
Existem embalagens que assumem a própria identidade do produto. Itens como sabão em pó, café e tantos outros bens de consumo assumem, na memória do consumidor, a forma do seu envoltório – o que torna a exposição nas prateleiras um momento decisivo, dando à embalagem uma responsabilidade enorme na briga com os concorrentes.
Em alguns segmentos, no entanto, a realidade é outra. “Nossos produtos não dependem da embalagem para formar a sua imagem, porque eles são lembrados fora dela”, explica Hugo Zuffo, designer sênior de embalagem da Dexco. Ele é o responsável pelos desenvolvimentos da Deca, uma das marcas da empresa, cujo portfólio inclui ainda grandes referências no mercado de arquitetura e construção, como Portinari, Hydra e Duratex, entre outras, e falou com exclusividade com EmbalagemMarca para contar os desafios no desenvolvimento de embalagens para esse segmento.
Sob o guarda-chuva da Deca estão louças, metais e equipamentos voltados para a fase de acabamento de obras, comercializados em uma grande diversidade de canais, com rituais de compra variados, o que exige olhares diferentes para o processo de criação das embalagens. “Alguns dos nossos produtos são vendidos em lojas de autosserviço e dependem bastante da comunicação feita na embalagem, enquanto outros ficam expostos fora das caixas, que acabam tendo mais a função de proteção durante o transporte”, explica Zuffo. “E tem também itens de maior valor, vendidos em lojas especializadas com a intermediação do vendedor, em que a embalagem não participa do processo de venda, mas precisa ajudar a criar uma experiência de luxo.”
O designer cita, como exemplos, o Triturador de Resíduos de Alimentos e a linha Pérola de torneiras e misturadores – dois lançamentos recentes da Deca – para mostrar como a empresa faz isso na prática.
“O triturador de resíduos de alimentos não é muito conhecido no Brasil, porque é relativamente novo no nosso mercado”, explica ele. “Nosso papel é apresentar esse produto ao consumidor, e a caixa em que ele é vendido é a oportunidade que temos para fazer isso.” Uma pesquisa conduzida pela empresa identificou que as embalagens de itens concorrentes mostravam apenas as características técnicas. “Nenhuma falava dos benefícios para o dia a dia, como a simplificação do manuseio de resíduos orgânicos, que não precisam ser mais retirados em sacos de lixo, porque são lançados na rede de esgoto. Ou o fato de não atrair insetos. E foi isso que resolvemos trazer no nosso projeto criativo.”
A embalagem de papelão ondulado em que o triturador é vendido traz, em um dos painéis laterais, uma foto de metade do produto com seus atributos técnicos. Na face contígua, junto com os benefícios que o usuário pode ter com o uso do triturador, está a segunda metade da imagem, que permite a formação de painéis amplos no ponto de venda. O terceiro lado lista atributos técnicos (tais como “baixo em ruído” e “feito em inox”) de forma mais detalhada, deixando a última face para um infográfico que explica todo o processo de funcionamento do triturador, e que traz ícones com os resíduos de alimentos que podem ser triturados (diferenciando-se da concorrência, que usa imagens reais de restos de alimentos, o que foi identificado nas pesquisas como um elemento de aspecto negativo).

Já a Linha Pérola de torneiras e misturadores de alto luxo, vendida em pontos especializados, com apoio de vendedores, exemplifica o grupo de embalagens que têm a função de reforçar a experiência de compra. “O produto tem valor agregado elevado, e a embalagem não pode ficar num patamar inferior”, define Zuffo. “Mas nesses casos, em que os itens são expostos fora da embalagem, primeiro precisamos garantir a proteção, porque o acabamento dos itens é muito delicado. Mas precisamos enfatizar a experiência de luxo após a compra, deixando a comunicação como um elemento menos importante nesse pacote de funções que a embalagem precisa cumprir.”
O projeto de redesenho das embalagens dos quatro produtos da Linha Pérola focou na otimização. Antes, cada item tinha sua própria embalagem, com berço acoplado produzido em cartão pelo sistema de corte e vinco. Em seu lugar, foram adotados berços de polpa moldada, que usam um modelo único de embalagem de papelão micro-ondulado, que identifica o item embalado por meio de uma etiqueta. “Com essa solução, garantimos o dobro de proteção pela metade do preço”, comemora Zuffo.
