Por João Vicente Tuma*
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Em um quadro atual de crise climática em estágio avançado e cobrança da sociedade por maior responsabilidade das corporações, a indústria de embalagens se vê diante do desafio cada vez maior de conciliar a produção de embalagens com as crescentes exigências ambientais.
De acordo com a empresa de inteligência de dados e consultoria Mordor Intelligence, o tamanho do Mercado de Embalagens Sustentáveis foi estimado, no ano passado, em US$ 292,71 bilhões, e deverá atingir, até 2029, US$ 423,56 bilhões até 2029.
A sustentabilidade, no âmbito da fabricação de embalagens, envolve diversas frentes, que vão desde a escolha dos materiais até os processos produtivos, tendo como objetivo reduzir a pegada ambiental ao longo de todo o ciclo de vida do produto fabricado.
O aço como matéria-prima sustentável
No debate sobre o futuro das embalagens, o aço desponta como uma das alternativas mais eficazes para a redução dos danos ambientais.
A matéria-prima tem um longo ciclo de vida e é 100% reciclável, podendo ser reincorporado ao processo de produção indefinidamente, sem perda de qualidade, o que contribui para a consolidação de um ciclo sustentável de produção e consumo no setor de embalagens.
Outro insumo com uma pegada sustentável é o uso de plástico pós-consumo (PP-PCR). Este material é fabricado a partir de resinas recicladas, sem a necessidade de produção de plástico virgem, o que contribui para a redução de resíduos e diminui a pressão sobre os recursos naturais.
Projetos que utilizam plástico pós-consumo, como aqueles aplicados em embalagens de tintas e outros produtos, oferecem uma solução alternativa, alinhada com os compromissos de sustentabilidade de diversas indústrias.
Processos produtivos – a eficiência na cadeia de produção
Além da escolha dos materiais, os processos de produção desempenham um papel fundamental na sustentabilidade. A implementação de tecnologias que reduzam a emissão de poluentes e a utilização de insumos menos impactantes são passos essenciais. No setor de impressão de embalagens, a adoção de tecnologias digitais, como a impressão direta no metal ou o uso de impressoras offset mais eficientes, contribuem inevitavelmente para a redução do consumo de solventes e da liberação de gases de efeito estufa.
Essas inovações não só têm um impacto ambiental positivo, mas também geram benefícios operacionais, como a redução dos custos e a otimização dos processos produtivos. A possibilidade de mudar rótulos ou personalizar embalagens sem a necessidade de alterar configurações das máquinas, por exemplo, reduz o desperdício de materiais e o consumo de energia.
Logística reversa e gestão de resíduos
Uma das estratégias mais eficazes para promover a sustentabilidade na indústria de embalagens é a implementação de sistemas de logística reversa e gerenciamento de resíduos. Esses sistemas permitem que as embalagens retornem ao ciclo produtivo após o uso, evitando que se tornem resíduos indesejados no meio ambiente. A criação de pontos de coleta voluntária e a melhoria da infraestrutura para a reciclagem são ações essenciais nesse processo.
Rumo a uma economia verde
É preciso ressaltar que as companhias que investem em processos mais sustentáveis não apenas cumprem suas responsabilidades sociais e ambientais, mas também ganham uma vantagem competitiva no mercado, alinhando-se às expectativas de consumidores e investidores.
As empresas do setor de embalagens precisam se focar no desenvolvimento e na adoção de inovações tecnológicas para melhorar seus processos e reduzir os impactos negativos no meio ambiente, contribuindo, dessa forma, para um ciclo mais sustentável. Só assim será possível transformar essa indústria em um exemplo de responsabilidade ambiental e, ao mesmo tempo, garantir a sustentabilidade dos negócios no longo prazo.