Por Thais Fagury*
O Brasil gera cerca 78,4 milhões de toneladas de resíduos sólidos por ano e 70% dos municípios têm algum tipo de coleta coletiva. No entanto, os serviços públicos de limpeza não conseguem abranger nem metade do lixo produzido. O resultado do descarte incorreto de produtos que têm potencial de reciclagem gera danos ao meio ambiente e à saúde humana.
Muito tem sido discutido para indicar soluções capazes de reduzir os resíduos gerados por embalagens, enquadrando o setor nas exigências da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). Temos como exemplo de ação eficaz a Prolata, associação criada pela Abeaço, com o foco na correta destinação de latas de aço para reciclagem. A Prolata foi a primeira entidade gestora para logística reversa de embalagens reconhecida pelo Ministério do Meio Ambiente. Além de contar com quase 40 Pontos de Entrega Voluntária (PEVs) em todo o País, a Prolata mobiliza hoje mais de 50 cooperativas de catadores e catadoras de materiais recicláveis, possui 6 entrepostos parceiros e 1 centro próprio de recebimento para grandes volumes. Desde a fundação da associação, em 2012, já foram coletadas e recicladas quase 33 mil toneladas de aço.
O objetivo da Prolata é criar condições para que a cadeia de reciclagem da lata de aço se complete, envolvendo os fabricantes de latas, fabricantes de produtos, cooperativas, consumidor final e indústria siderúrgica. Hoje, 100% das embalagens coletadas pela Prolata são recicladas por uma única siderúrgica parceira. Mas a iniciativa busca mais parcerias na indústria siderúrgica.
O modelo de reciclagem instituído pela Prolata foi inspirado nos cases da Suécia e Suíça, países bem-sucedidos não apenas em seus índices de reciclagem, que chegam a 82% no caso das latas de aço, mas também nos modelos instituídos, que geram eficiência e preveem o compartilhamento de responsabilidade entre todos os elos da cadeia. O modelo de reciclagem que a Prolata está adotando no Brasil foi estabelecido após um rigoroso trabalho de benchmark em países europeus.
Embora a Alemanha, por exemplo, recicle 96% das latas pós-consumo, o modelo adotado é baseado em um padrão de logística reversa extremamente caro, gerenciado por empresas com finalidade lucrativa. Já na Suécia estabeleceu-se um sistema em que a cadeia de produção tem que criar condições para que o consumidor deposite suas embalagens voluntariamente, já as separando por categoria, o que dá eficiência ao sistema e reduz o custo. Além disso, na Suécia a gerenciadora não possui finalidade lucrativa.
Contudo, ações como essa não serão possíveis se não motivarmos o consumidor a colaborar. Muitos consumidores adquirem produtos embalados em materiais que não são recicláveis. É fundamental que os consumidores compreendam que levar produtos embalados em materiais recicláveis e reciclados de fato, como o aço, é uma economia para toda a sociedade.