Tendências da indústria de embalagens para ficar de olho em 2025
O retorno de Donald Trump à Casa Branca, a evolução das condições para fusões e aquisições e um ajuste de contas em torno das metas de redução de plásticos para 2025 são alguns dos fatores que devem afetar o setor.
Assim como o restante do mundo dos negócios, as empresas de embalagens e seus clientes aguardam por esclarecimentos sobre as medidas que o presidente eleito Donald Trump começará a tomar quando assumir o cargo, no próximo dia 20 de janeiro, o que pode moldar as decisões de negócios e investimentos nos próximos meses.
Prevê-se que Trump estimule mudanças econômicas e regulatórias com implicações para a indústria de embalagens. Embora as tarifas não sejam um elemento novo na política dos Estados Unidos (em alguns casos, elas já afetam certos tipos de embalagens), a estratégia proposta pelo presidente eleito pode ter um efeito mais amplo na economia.
Analistas de mercado dizem que tarifas de base universais, ou tarifas direcionadas a países específicos, como o Brasil, podem afetar as taxas gerais de inflação nos EUA, e consequentemente na economia global. Há potencial para que as tarifas tenham um efeito indireto sobre fibras recicladas, afetando a indústria de papelão ondulado. Setores como o de embalagens flexíveis nos EUA estão preocupados sobre como as tarifas podem afetar o alumínio e insumos relacionados.
Rotulagem verde
A trajetória da política de rotulagem também é uma preocupação crescente no país. Com poucos dias restantes no mandato do governo Biden, a Comissão Federal de Comércio permanece em silêncio sobre novas atualizações na revisão de anos de seus Guias Verdes – diretrizes que influenciam quais alegações de sustentabilidade ou símbolos de descarte podem ser impressos nas embalagens.
Redução de plásticos
Outras mudanças regulatórias importantes que estão chegando na América do Norte incluem a construção de um registro federal de plásticos no Canadá, rastreando a quantidade de plástico no mercado, resultados de descarte e muito mais.
As empresas também têm este ano para se preparar para o próximo Regulamento de Embalagens e Resíduos de Embalagens da União Europeia, que, após algumas etapas finais, provavelmente entrará em vigor em 2026, e que vai trazer os requisitos e metas para 2030 relacionados à redução de resíduos, conteúdo mínimo reciclado, redução de peso e reutilização.
Menos investimento em descarbonização
Há rumores de que o financiamento de infraestrutura oferecido pela administração Biden irá acabar, como o dinheiro alocado para aquisição de equipamentos de fabricação com eficiência energética ou menor carbono. Mas alguns especialistas acreditam que potenciais isenções fiscais ou incentivos esperados sob Trump podem alimentar decisões de compra de equipamentos.
Por exemplo, Trump lançou ideias de políticas para impulsionar a manufatura que incluem a expansão de créditos fiscais de pesquisa e desenvolvimento e a redução de taxas de imposto corporativo para empresas que produzem bens domesticamente. Por outro lado, ele prometeu revogar o Inflation Reduction Act, legislação que financiou projetos para indústrias intensivas em energia, incluindo descarbonização e atualizações de equipamentos de redução de emissões para empresas como International Paper e OI Glass, entre outras.
Circularidade postergada
O ano de 2025 também pode oferecer maior clareza sobre como as empresas veem suas estratégias de sustentabilidade públicas e abordagens para redução de plástico evoluindo nos próximos anos.
As maiores marcas do mundo ainda não têm todas as suas embalagens circulares (recicladas, recicláveis ou reutilizáveis), como as metas de muitas organizações haviam estabelecido. Algumas grandes empresas reconheceram publicamente essa realidade. A Unilever compartilhou uma lista atualizada de metas vinculadas a diferentes datas na próxima década. Para organizações que se alinharam voluntariamente ao US Plastics Pact, um roteiro para reduzir o plástico virgem e aumentar a reciclagem e o uso de conteúdo reciclado foi atualizado no ano passado e alterado de 2025 para 2030.
Globalmente, embora um acordo internacionalmente vinculativo sobre prevenção da poluição por plástico estivesse previsto para ser decidido em 2024, as negociações devem continuar em 2025, mas agora com uma visão diferente dos EUA, sob a gestão Trump.
Grandes fusões esperadas
O ano de 2024 trouxe anúncios de fusões e aquisições em larga escala. Essa atividade não mostra sinais de desaceleração, já que analistas apontam para um aumento em fusões e aquisições após um período relativamente de pouca atividade. E a influência de empresas internacionais no mercado norte-americano deve crescer.
Embora as empresas de fibras de celulose tenham dominado inicialmente as discussões em 2024, os produtores de embalagens plásticas fizeram sua presença ser notada no final do ano (veja aqui). Vários “mega acordos” estão projetados para ser fechados em 2025, incluindo a aquisição da DS Smith pela International Paper e a aquisição da Pactiv Evergreen pela Novolex.
A brasileira Suzano tentou sem sucesso comprar a International Paper no início de 2024, e então entrou no mercado dos EUA adquirindo duas fábricas da Pactiv Evergreen no quarto trimestre. Há rumores de que a Suzano está considerando enviar uma oferta pela Clearwater Paper, sediada em Washington, após expressar repetidamente seu desejo de expansão na América do Norte.
Alguns analistas disseram que uma maior consolidação poderia prejudicar a dinâmica competitiva em certos setores de embalagens. A dinâmica de fusões e aquisições também enfrenta mudanças potenciais devido às expectativas de que a administração Trump poderia afrouxar a regulamentação antitruste.
Fonte: PackaginDive