Como o RFID pode ajudar o Brasil a sair do ranking de países que mais desperdiçam alimentos no mundo
Artigo publicado na revista EmbalagemMarca 3-2023
Por Fabiana Wu*
Segundo dados do IBGE, 30% dos alimentos produzidos no Brasil são descartados, o equivalente a 46 milhões de toneladas de alimentos todos os anos. A estatística coloca o país no 10º lugar no ranking dos que mais desperdiçam alimentos no mundo, de acordo com dados da Organização das Nações Unidas (ONU).
Por conta disso, tecnologias de identificação digital, como o RFID (identificação por radiofrequência), com capacidade de conexão do mundo físico ao digital – da matéria-prima ao alimento disponibilizado em gôndola – podem ajudar a superar este desafio, o que impacta diretamente nas projeções de competitividade dos negócios, no meio-ambiente e nos índices de fome e pobreza de diferentes regiões do país. Assim, as questões de rastreabilidade e prevenção de perdas são os principais pontos que têm motivado o setor de alimentos a aderir a essas soluções.
O rastreamento em tempo real, por meio de etiquetas RFID, permite que as cadeias de suprimentos tenham uma gestão efetiva, monitorando armazéns, centros de distribuição e estoques. Essa inteligência tecnológica, além da transparência nos processos, em conformidade com as diferentes exigências – legais, sanitárias e da própria demanda de consumo – estabelece uma possibilidade direta de reduzir as taxas de desperdício.
Um relatório elaborado pela Avery Dennison recentemente, que ouviu mais de 300 empresas e mais de 7,5 mil consumidores globais, em segmentos como alimentos, beleza, vestuário, automotivo, saúde e produtos farmacêuticos, revela que a cadeia de suprimentos das companhias que ainda não adotaram medidas de gerenciamento eficientes passa por um período crítico. Segundo a análise, os desperdícios dos estoques nessas empresas correspondem a um prejuízo anual na casa dos 160 bilhões de dólares.
Se por um lado a produção em larga escala permitiu otimizar recursos financeiros e de tempo, adotar uma estrutura operacional com foco sob demanda é um dos caminhos para superar este cenário. Ou seja, como a indústria de alimentos tem produzido mais e atendido às preferências de consumo, isso requer um cuidado maior nos processos produtivos para evitar impactos ou prejuízos, como o investimento em soluções inteligentes capazes de reduzir as perdas, a exemplo dos rótulos inteligentes.
Os consumidores esperam que esse tipo de atitude venha das donas das marcas, impactando, entre outros fatores, no enfrentamento da crise climática que estamos atravessando. Por isso grande parte dos nossos materiais apresentam tecnologias mais eficientes e sustentáveis, que atendem aos padrões e regulamentações globais do setor.
Outro exemplo de como a tecnologia desses rótulos pode impactar no setor é o caso da Chipotle Mexican Grill, uma rede de restaurantes nos Estados Unidos, que encontrou no RFID uma solução eficaz para rastrear os ingredientes de seu centro de distribuição e de aproximadamente 200 unidades de restaurantes em Chicago. As etiquetas passaram a contribuir diretamente para o gerenciamento digital e automatizado dos estoques e operações, melhorando a experiência dos colaboradores e fornecedores. Agora, os alimentos chegam etiquetados aos restaurantes e são escaneados pela equipe em segundos, permitindo segurança e qualidade de alimentos de forma rápida, eficiente e precisa.
As soluções de identificação digital, como o RFID, ajudam a evitar a superprodução e melhoram a visibilidade dos estoques e das datas de validade dos produtos, contribuindo para que muitos alimentos não sejam descartados. Por outro lado, a redução do desperdício é ainda uma grande preocupação das indústrias, tanto em termos de prejuízo quanto em questões de sustentabilidade. Portanto, existe a necessidade de cada empresa, considerando todas as especificações de sua produção e comercialização, minimizar esses descartes, no mundo todo, para evitar grandes perdas, como o desperdício de alimentos, que no Brasil, por exemplo, impacta diretamente a população.
