País reciclou o mesmo número de latas que produziu. Tecnologias inovativas fortalecem sustentabilidade e otimizam operações industriais
Por Anderson José Guerrero*
O Brasil alcançou uma marca histórica: todas as latas de alumínio produzidas foram de materiais reciclados, segundo levantamento da Abal (Associação Brasileira do Alumínio) e da Abralatas (Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alumínio). A marca reforça ainda mais a presença do país como maior referência mundial no reaproveitamento de alumínio e celebra uma completa cadeia produtiva com foco na circularidade, somada à aplicação de tecnologias industriais que fortalecem a sua reutilização.
Em 2022, foram recicladas mais de 390 toneladas de latas de alumínio e produzidas 389 mil toneladas. Ou seja: reciclou até mais do que produziu. Alguns fatores explicam esse reaproveitamento 100% da lata de alumínio no Brasil.
Um deles é a cadeia de reciclagem fortalecida. Há décadas que existe no Brasil uma forte cultura de reciclagem, sobretudo no que se refere a latas de alumínio. A integração entre fabricantes, fornecedores, cooperativas e recicladores tem sido essencial para que a circularidade tenha alcançado sua totalidade no país.
Segundo o Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (Mncr), estima-se que 800 mil pessoas atuam no país como catadores de resíduos recicláveis.
É interessante notar que todas as partes que compõem uma latinha de alumínio podem ser reutilizadas, inclusive a tampa e o lacre, estimulando o processo de reciclagem.
Além disso, o valor do alumínio é maior em comparação a outros materiais presentes em descartes (plásticos e vidros), somado ao fato de haver interesse ativo de empresas recicladoras no reaproveitamento do alumínio.
Outra vantagem é a maior facilidade no reuso. O tempo rápido de transformação de uma lata “usada” por uma nova ajuda a manter a engrenagem de reciclagem ativa. Uma lata de alumínio descartada pode reaparecer na prateleira em menos de 60 dias. Outro ponto positivo é a possibilidade de a lata de alumínio ser reciclada infinitas vezes sem perder suas propriedades.
Por fim, o desenvolvimento de tecnologias mais sustentáveis dentro das indústrias contribuiu não apenas para a reciclagem, mas também para o meio-ambiente. Novos processos industriais de tratamento de superfícies, como a tecnologia de baixa temperatura, tornaram as limpezas dos materiais mais otimizadas e sustentáveis (com menor consumo de água e energia), fatores que estimulam o ciclo de reciclagem.
A temperatura mais alta ajuda muito na limpeza de óleos e contaminantes, mas sabemos também que isso representa um enorme consumo energético nas indústrias para aquecer os banhos desengraxantes. Além disso, consome-se mais água, sem contar a temperatura elevada que proporciona risco ao trabalhador. Tecnologias atuais com baixa temperatura promovem essa limpeza sem a necessidade de altas temperaturas e com maior resultado, garantindo maior sustentabilidade e segurança laboral
A sustentabilidade, portanto, é contemplada em pelo menos duas etapas essenciais na reciclagem de latas: tanto na reutilização do alumínio em forma de lata, o que reduz as emissões de gás de efeito estufa (GEE) e o consumo da energia elétrica em relação ao alumínio primário, assim como na adoção de tecnologias dentro da indústria para limpeza com baixa temperatura.