Central de Custódia inicia operações para tornar logística reversa de embalagens mais transparente

O Brasil conta com uma Política Nacional de Resíduos Sólidos há mais de dez anos e, recentemente, viu sancionado o novo Marco Regulatório do Saneamento Básico, mas registros apontam que a reciclagem ainda é feita em pequena escala no País. Apesar das diversas iniciativas, até mesmo os números que se propõem a retratar essa realidade continuam sendo difusos, não apenas pelas diversas especificidades dessa cadeia, mas, principalmente, devido à falta de um agente independente capaz centralizar a contabilização dos dados resultantes destas operações realizadas em todo o território nacional. É justamente para enfrentar este desafio, especialmente no que diz respeito a contabilização dos dados gerados pelos sistemas de logística reversa, que a Central de Custódia passa a desenvolver suas atividades.

A nova empresa apoiará as Entidades Gestoras que atuam na logística reversa de embalagens pós consumo na sistematização, rastreabilidade ponta-a-ponta, consolidação e ampliação de seus sistemas, a partir de uma verificação independente e totalmente informatizada. Com lastro nas operações realizadas por meio de notas fiscais, o intuito é apoiar o desenvolvimento da logística reversa de uma forma segura e com valor agregado para as entidades e seus associados controlarem os dados e procederem à devida comprovação de cumprimento das metas de reciclagem estabelecidas pelos órgãos fiscalizadores, com plena segurança jurídica e rastreabilidade da cadeia. Atualmente, a empresa conta com o aporte de uma empresa norte-americana, já possui 8 entidades gestoras e inicia 2022 com aproximadamente 350 mil toneladas de embalagens pós-consumo em seu portfólio.

O desafio da integração de dados – Os sistemas de logística reversa de embalagens em geral são planejados, implementados, estruturados, operacionalizados e coordenados por entidades setoriais e gestoras, certificadoras e consultorias ambientais. Essas organizações atuam em nome de fabricantes e importadores de produtos que são embalados para a comercialização, a exemplo dos setores de alimentos, bebidas, cosméticos, perfumaria, produtos de limpeza, entre outros. Todos devem atender às metas estabelecidas de recuperação e aproveitamento de materiais por meio da reciclagem, mas ainda há o desafio de integrar, cruzar e consolidar em uma plataforma única os resultados alcançados pelos diferentes sistemas, para que se evitem a utilização de valores duplicados e para que tenhamos uma informação mais segura e confiável para todos os integrantes dos fluxos da reciclagem e para órgãos ambientais de fiscalização.

Atualmente, não há um estudo consolidado quanto aos investimentos de logística reversa de embalagens em geral no País, especialmente sobre os diferentes setores econômicos sujeitos a esse sistema. No entanto, alguns números permitem fazer projeções. “De acordo com levantamento que fizemos, os Sistemas de Logística Reversa no Brasil recuperam anualmente cerca de 800 mil toneladas e cobram dos fabricantes e importadores de produtos embalados um preço médio de R$ 130,00 por tonelada. Grosso modo, isso resultaria em um investimento estimado de aproximadamente R$ 105 milhões em logística reversa de embalagens em geral. Esse investimento, quando bem aplicado, pode resultar em uma economia de proporções ainda desconhecidas, por evitar o custo da disposição desses materiais em aterros sanitários e lixões, o custo da utilização de matérias primas virgens para produção de novas embalagens e, principalmente, atualmente, o custo com a redução da emissão de gases de efeito estufa para atmosfera”, afirma Fernando Bernardes, Diretor de Operações da Central de Custódia.

Operação no Brasil – A empresa tem sua atuação baseada na verificação das notas fiscais de venda para a reciclagem dos resíduos de embalagens pós consumo. Como o objetivo é garantir segurança, transparência e efetividade às operações, o modelo de negócio é privado para estar em conformidade com as regras de compliance das grandes corporações. No entanto, a gestão é feita em conjunto e de modo colaborativo por meio de um Conselho Consultivo, composto por representantes das Entidades Gestoras. Esse modelo reúne verificação independente e um centro de informações. “A verificação independente e unicidade de dados é essencial para qualquer sistema de ‘responsabilidade do produtor’ (fabricantes e importadores). A adoção de um verificador que assegura a não colidência e não duplicidade do montante reciclado é a única forma de permitir que os dados mostrem a realidade. É o que queremos fazer, tornando a Central de Custódia relevante por ser independente das Entidades Gestoras e apoiar-se nos sistemas de processamento e proteção de informações mais avançados, para garantir a rastreabilidade e assertividade do fluxo da logística reversa de ponta a ponta”, explica o executivo.

O Conselho Consultivo, formado pelas Entidades Gestoras, será responsável por discutir as questões técnicas para organizar mais efetivamente a cadeia de logística reversa de embalagens, evitando as colidências de Notas Fiscais e a possível duplicação de contagem de resultados. Isso ocorre por haver no Brasil diferentes modelos para o setor. Assim, caberá à Central de Custódia registrar, armazenar, sistematizar e preservar a unicidade dos dados para que as quantidades de recicláveis (também chamadas de massa) estejam corretamente identificadas e de acordo com os dados de suas notas fiscais.

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