A Wheaton, fabricante de embalagens de vidro para o segmento de perfumaria e cosméticos, utilizará o biometano como fonte energética, em substituição a parte do gás natural utilizado, investindo em fontes renováveis de energia. Com isso, a companhia será a primeira indústria de vidro a utilizar esse combustível renovável no mundo.
De acordo com o Balanço Energético Nacional de 2020, elaborado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), ligada ao Ministério de Minas e Energia (MME), as fontes renováveis correspondem por apenas 45% da matriz energética nacional. Dentre a fontes não renováveis, destacam-se o petróleo, que corresponde por 34% da matriz, e o gás natural (12%). Este, consumido majoritariamente pela indústria (43%) e na geração elétrica (38%).
Renato Massara Júnior, diretor Comercial e de Marketing da Wheaton, explica que a adoção da nova fonte energética está em harmonia com o trabalho realizado pela empresa. “A sustentabilidade, inovação e tecnologia estão entre os pilares da empresa e também dos nossos principais clientes. E esse foi um projeto que nos deixou apaixonados. Por isso, decidimos tornar a Wheaton uma pioneira nesse sentido, ao incorporar o biometano à nossa produção”, ele diz.
A comercialização do biometano para a Wheaton será viabilizada pela ZEG, empresa especializada na produção de energia renovável. Daniel Rossi, CEO da ZEG, explica que “a substituição do combustível fóssil na produção de vidro da Wheaton poupará a emissão de aproximadamente 7.000 toneladas de CO² em um ano, o que equivale a mais de 50 mil árvores plantadas num período de 20 anos”.
O executivo da ZEG destaca ainda que o “GasBio”, nome do produto renovável que será fornecido, é produzido por meio do reaproveitamento sustentável de resíduos urbanos em um aterro sanitário localizado em Sapopemba, na Zona Leste de São Paulo.
O biometano “é um biocombustível gasoso obtido a partir do processamento do biogás”. O biogás é uma fonte energética renovável e sustentável, já que é produzida pela digestão anaeróbica (decomposição por ação das bactérias) de materiais orgânicos como resíduos agrícolas, esterco animal, esgoto doméstico e resíduos sólidos urbanos
A qualidade do biocombustível é fiscalizada pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) desde 2017. Desde então, o uso da fonte energética tem sido estimulado. Entre os setores que utilizam o biometano estão o veicular, residencial, comercial e industrial.
Renato Massara pontua que o biogás será utilizado na geração de parte da energia dos fornos da indústria, fazendo com que a empresa seja pioneira nesse setor. A utilização deste combustível é uma novidade em fábricas de vidro, já que seu uso é mais comum na agricultura. A Wheaton opera atualmente quatro fornos contínuos com capacidade de produção de um bilhão de frascos por ano, ou 370 toneladas de vidro por dia. Ao todo, são 23 linhas de produção, entre máquinas I.S., nos processos soprado-soprado e prensado-soprado, e prensas rotativas, no processo prensado.
“Apesar da embalagem de vidro ser 100% reciclável e reutilizada infinitamente, para sua produção ainda se consome o gás natural. Por isso, a chegada do biogás em substituição a parte do gás natural, torna o vidro um produto ainda mais sustentável. Acreditamos que o biogás, em breve, também irá se tornar economicamente mais vantajoso, contribuindo para aumentar a competitividade do vidro brasileiro no mercado mundial”, ressalta o diretor da vidraria. A parceria entre a Wheaton e a ZEG garante o fornecimento de até 10.500 metros cúbicos diários do produto renovável, com um custo similar ao do gás natural distribuído em São Paulo. “A troca pelo combustível renovável da ZEG pode agregar também valor de marca para a indústria de vidro, que possui em sua carteira clientes reconhecidamente comprometidos com a sustentabilidade”, complementa Rossi.