A fabricante de papel cartão Papirus dá início a um projeto arrojado para fortalecer sua posição como a maior recicladora do segmento e cujas atividades estão pautadas na sustentabilidade e na economia circular. A empresa passa a aderir à plataforma da cleantech Pólen, visando certificar e catalogar informações referentes à rastreabilidade e origem dos materiais reciclados recebidos das cooperativas e de outras fontes e transformá-los em créditos de reciclagem. Esses créditos serão transferidos para os fabricantes de grandes marcas de consumo (brand owners), que assim poderão atestar seu compromisso com a sustentabilidade e a destinação correta das embalagens, como determina a Política Nacional de Resíduos Sólidos.
A Papirus será a primeira empresa do setor de papel cartão a integrar a plataforma da Pólen, cleantech especializada em solução e valoração de resíduos. Desta forma, fortalece sua estratégia de reciclagem, que já inclui a utilização de fibras recicladas pós-industriais e pós-consumo na fabricação da sua linha Vita.
Segundo Amando Varella, co-CEO e diretor Comercial e Marketing da Papirus, a necessidade crescente por mais transparência nas práticas sustentáveis das empresas, tem provocado o aumento na procura por papelcartão reciclado, como o Vitacycle, que tem 30% de fibras pós-consumo.
“A geração de créditos de reciclagem é um conceito inovador, e que pode ter um forte impacto para impulsionar o mercado de reciclagem e dar o aval de sustentabilidade que as grandes marcas e os consumidores requerem hoje. Por isso, estar vinculado a um sistema que permite ampliar o uso de material reciclado, que garante uma remuneração adicional às cooperativas de recicladores, gera créditos e certifica o processo de reciclagem, é muito positivo”, afirma Christian Kroes, gerente de Desenvolvimento de Produtos da Papirus. “Isto consolida nossa atuação como empresa pioneira na reciclagem de embalagens de papel e que atua desde a captação junto às cooperativas até reciclagem, funcionando como importante ferramenta da economia circular.”
Em geral, a quase totalidade das fibras recicladas utilizadas na Papirus são provenientes dos resíduos pós-industriais gerados na produção das embalagens e no envase nos brand owners. Já o resíduo de papel cartão pós-consumo – aquele proveniente da coleta das embalagens já utilizadas e descartadas pelos consumidores finais – tem participação menor.
“Hoje temos mais capacidade de reciclar do que conseguimos comprar junto às cooperativas e aos aparistas. Com o novo sistema, a tendência é o volume de pós-consumo crescer, principalmente porque este modelo soluciona a falta de estrutura de logística reversa de muitas empresas para coletar e destinar os resíduos das embalagens descartadas pelo consumidor”, explica Christian Króes.
O diretor Comercial e de Marketing destaca que este projeto vai agregar valor não apenas para os brand owners, mas também para as gráficas que são seus clientes e que imprimem as embalagens. “Para os brand owners, que querem reciclar suas embalagens, a compra de gráficas que usam o papel cartão da Papirus, e que atesta a origem das fibras recicladas, é uma forma de atender a Política Nacional de Resíduos Sólidos, que obriga as empresas que colocam produtos embalados no mercado a neutralizarem, pelo menos, 22% do volume destas embalagens anualmente”, acrescenta Varella.
O impacto positivo chega também ao consumidor final, graças ao selo da Pólen, que poderá ser inserido nas embalagens produzidas, e que traz um QR Code por meio do qual é possível acessar os dados que demostram os índices de uso de material reciclado da cooperativa, entre outras informações relativas à sustentabilidade do ciclo de produção e ao ciclo de vida da embalagem.
Como funciona o sistema de crédito de reciclagem
O sistema de crédito de reciclagem é semelhante ao de crédito de carbono, em que as empresas podem adquirir créditos para zerar ou reduzir suas emissões de GEE (Gases de Efeito Estufa). Cada quilo de apara de papel pós-consumo gera um crédito, que pode ser adquirido pelos brand owners para comprovarem que estão adequados à meta de reciclagem da PNRS, que é de 22% das embalagens utilizadas em seus produtos.
No caso da Papirus, a proposta é transferir esses créditos para os brand owners que utilizam o seu papelcartão, agregando valor para esses fabricantes de bens de consumo. Como todo o processo atende às exigências de geração de créditos estipulada pelo Ministério do Meio Ambiente e pelos órgãos ambientais dos estados, e é realizado por meio do sistema de blockchain, os créditos são certificados, garantindo transparência e segurança para as marcas e consumidores quanto à sustentabilidade dos produtos.
O processo de geração de créditos inicia-se com a homologação e auditoria de todas as cooperativas e fornecedores de materiais reciclados. Documentos como licenças ambientais e auditorias, que comprovam a ausência de trabalho infantil ou em condições análogas a escravidão, fazem parte da extensa lista de itens a serem cumpridos pelos operadores para fazerem parte do sistema. Após a homologação, é feita a catalogação de todas as notas fiscais emitidas pelas cooperativas nas vendas de aparas. As Notas Fiscais de pós-consumo irão gerar créditos de reciclagem no sistema de blockchain. Com a segurança propiciada pelo sistema, é possível certificar o crédito. Adicione-se a isso, o benefício de que o processo inclui a certificação das cooperativas sob o aspecto ambiental e trabalhista.
A Pólen opera todo o levantamento e catalogação das notas, o sistema de blockchain e o trabalho de certificação. A cleantech já tem catalogadas cerca de 800 empresas que geram material reciclado, além de recicladores, ampliando as possibilidades de utilização de resíduos de papel pós-consumo.