Anualmente, o Plano de Incentivo à Cadeia do Plástico (PICPlast), parceria entre a Associação Brasileira da Indústria do Plástico (ABIPLAST), representante do setor de transformados plásticos e reciclagem e a Braskem, maior petroquímica das Américas, realiza um estudo sobre a reciclagem mecânica de plásticos com o objetivo de entender o tamanho da indústria no Brasil e acompanhar a sua evolução ao longo dos anos. O estudo foi comandado pela MaxiQuim, empresa de avaliação de negócios na indústria química com foco em análise de mercados e competitividade.
Como na edição de 2018, o ponto de partida do estudo foi um mapeamento das indústrias de reciclagem mecânica de plásticos. Enquanto os números de empresas recicladoras (de 716 para 695) e de empregos diretos (18.662 para 17.919) diminuíram – o faturamento bruto teve um leve crescimento de R$ 2,4 para R$ 2,5 milhões.
As capacidades instalada e ociosa se mantiveram praticamente estáveis com uma pequena variação. Enquanto a primeira variou de 1.802 mil toneladas para 1.848 mil toneladas de 2018 para 2019, a ociosidade caiu de 39% para 38%.
Após esse mapeamento inicial, foram realizadas entrevistas individuais com 168 indústrias, ou 24,2% do total das empresas, com o objetivo de entender melhor o volume de plástico reciclado, seu destino, os tipos de plásticos mais reciclados e estabelecer o índice de reciclagem do plástico.
Volumes de resíduos plásticos consumidos no Brasil
Segundo o estudo, em 2019 foram consumidas 1,3 milhão de toneladas de resíduo plástico na reciclagem, representando um crescimento de 5,2% em comparação a 2018, sendo que 953 mil toneladas são de plástico pós-consumo, ou seja, material descartado em domicílios residenciais e em locais como shoppings centers, estabelecimentos comerciais, escritórios, entre outros, e 370 mil toneladas de plástico industrial, como sobras dos processos da indústria petroquímica, de transformação de plásticos e da própria reciclagem de plásticos.
Origem do plástico
A maioria do plástico reciclado tem origem no pós-consumo doméstico (52,5%). O restante se divide entre pós-consumo não doméstico (19,5%) e resíduo pós-industrial (28%).
A matéria-prima chegou aos recicladores por meio das próprias indústrias plásticas, (28%), pelos sucateiros (26%), pelos beneficiadores (17%), cooperativas (12%), empresas de gestão de resíduos (8%), catadores (4%), direto da fonte geradora (3%) e de aterros (2%).
A maioria do resíduo consumido veio do Sudeste do país (48%), seguido pelo Sul (27%), Nordeste (12%), Centro Oeste (6%), Norte (4%) e 2% foram importados. Aproximadamente 34,7% (ou 460 mil toneladas) do volume de resíduo consumido não provêm do mesmo estado sede dos recicladores. “Isso ocorre porque os recicladores estão concentrados nos grandes centros urbanos como São Paulo e Rio de Janeiro, por exemplo, e apesar desses lugares possuírem coleta seletiva, a quantidade coletada não é suficiente para a capacidade instalada das recicladoras, explica Solange Stumpf, sócia da consultoria MaxiQuim.
Plásticos pós-consumo
O estudo encomendado pelo PICPlast foca principalmente na reciclagem do plástico pós-consumo. O levantamento apontou que, em 2019, foram gerados 3,5 milhões de toneladas de resíduos plástico pós-consumo um crescimento de 2% em relação ao ano anterior.
“O último estudo que realizamos, em 2018, apontou um volume de resíduos plásticos reciclado de 757 mil toneladas. Ou seja, apesar do volume de resíduo plástico gerado ter crescido apenas 2% de um ano para outro, o montante reciclado cresceu 10% o que nos mostra um avanço da indústria da reciclagem de plástico no país”, complementa Solange.
Plástico reciclado produzido
Segundo o estudo, em 2019 foram produzidas 838 mil toneladas de plásticos reciclados. A região sudeste é a responsável por 51,6% da produção com 464 mil toneladas, seguida pela região Sul com 226 mil toneladas, Nordeste com 94 mil toneladas, Centro Oeste com 40 mil toneladas e Norte com apenas 12 mil toneladas.
Índice de reciclagem mecânica
O índice de reciclagem mecânica dos plásticos pós-consumo ficou em 24% em 2019, um crescimento de 8,5% em comparação ao ano anterior. Esse número é calculado dividindo a quantidade de plástico pós-consumo produzido reciclado pelo volume de plástico pós-consumo gerado.
“Sabemos que temos um longo caminho ainda que pode ser explorado pelo segmento de reciclagem mecânica de plásticos pós-consumo, entretanto, o crescimento dos índices mostra que estamos no caminho certo. Quando olhamos outros países da União Europeia ou mesmo os Estados Unidos vemos que na comparação com a reciclagem mecânica o Brasil vai muito bem, entretanto, precisamos evoluir também na reciclagem química e na recuperação energética, quando falamos do rejeito, finaliza a consultora.