Relatório da Fundação Ellen MacArthur mostra progresso no combate à poluição por plástico

A Fundação Ellen MacArthur e o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) publicaram o segundo relatório anual de progresso do Compromisso Global por uma Nova Economia do Plástico, com dados detalhados sobre o avanço feito por empresas individuais e governos.

O Relatório de Progresso 2020 do Compromisso Global mostra que houve um progresso significativo em duas áreas: a incorporação de conteúdo reciclado em embalagens plásticas e a eliminação de itens problemáticos mais reconhecidos, como embalagens de PS e PVC, pigmentos negros de carbono indetectáveis e sacolas plásticas e canudos de uso único.

Houve progresso limitado no aumento da reciclabilidade de embalagens plásticas e na redução da necessidade de embalagens de uso único. O progresso na migração para embalagens reutilizáveis foi considerado limitado, e os esforços de eliminação permanecem focados em um conjunto relativamente pequeno de materiais e formatos.

Existem também diferenças significativas no ritmo de progresso entre os signatários. Enquanto alguns fizeram grandes avanços, outros mostraram pouco ou nenhum progresso em relação às metas quantitativas.

Até 2025, as empresas signatárias devem empregar plástico reutilizado, reciclável ou compostável em 100% de suas embalagens. A Natura, que está entre as empresas brasileiras signatárias, atingiu 56% da meta em 2019, um recuo em relação ao ano anterior (70%). No mesmo período, a empresa ampliou a oferta de modelos de reuso e quase dobrou o conteúdo pós-consumo reciclado em suas embalagens plásticas, saindo de 5% para 9%. A meta para 2025 nesse item é de 25%.

Segundo a Fundação, “é encorajador ver o progresso inicial sendo feito pelos signatários no primeiro ano após a assinatura do Compromisso Global, mas será necessário avançar rapidamente para atingir as metas de 2025”.

“Este relatório mostra que os principais governos estão tomando medidas, em particular para abordar alguns dos itens considerados problemáticos, mas também por meio da implantação de mais abordagens políticas abrangentes, como a responsabilidade estendida do produtor, incentivos e políticas de compras públicas. Aconselhamos os governos a seguirem estes exemplos, trabalhando juntos, em nível global, por meio da Assembleia das Nações Unidas para o Meio Ambiente, numa estrutura internacional para a ação, com base na visão de uma economia circular para o plástico” fiz Ligia Noronha, diretora da Divisão de Economia do PNUMA.

Principais conclusões do relatório

O conteúdo reciclado em embalagens plásticas cresceu 22% ano a ano, para 6,2%, em média para signatários do setor de varejo e de produtos embalados.

31% dos signatários de varejo e produtos embalados – 18 no total – agora têm metas estabelecidas para reduzir o plástico virgem nas embalagens ou reduzir o uso de embalagens plásticas em si.

Os esforços de eliminação permanecem focados em um conjunto relativamente pequeno de materiais e formatos e estão sendo entregues, principalmente, através da substituição por outros plásticos ou papel, ou da diminuição do peso (muitas vezes por redução da espessura, por exemplo), em vez de reduzir a necessidade de embalagens descartáveis completamente.

As embalagens reutilizáveis aumentaram marginalmente em relação ao ano anterior (em 0,1 pontos percentuais) e permanecem num baixo volume, com 1,9% para signatários do varejo e de produtos embalados, embora se perceba sim um aumento em atividades piloto de reuso.

Investimentos substanciais para atingir as metas de 2025 foram relatados, totalizando montante comprometido publicamente pelos signatários do Compromisso Global em mais de US$ 10 bilhões.

Vemos diferenças substanciais em andamento entre os signatários – enquanto alguns deram grandes passos adiante, outros mostraram pouco ou nenhum progresso em relação às metas quantitativas

De acordo com Sander Defruyt, líder da iniciativa Nova Economia do Plástico na Fundação Ellen MacArthur, “o relatório encoraja o progresso na direção  de uma economia circular para o plástico em algumas áreas, particularmente no uso de plástico reciclado. Mas, daqui para a frente, será crucial acompanhar também grandes passos para repensar qual embalagem é colocada no mercado em primeiro lugar. Estamos convocando a indústria para aumentar rapidamente os esforços para reduzir embalagens de uso único e eliminar os tipos de embalagens que não contribuem para colocar em prática a reciclagem em larga escala. Sabemos que a indústria não pode promover a mudança sozinha e estamos convocando os formuladores de políticas públicas para que eles criem as condições propícias, além de incentivos e de uma estrutura internacional para acelerar essa transição. “

Com base nessas descobertas, a Fundação Ellen MacArthur e o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente fizeram quatro chamados à ação que são vitais para erradicar a poluição causada pelo plástico:

As empresas são convidadas a:

Tomar medidas ousadas em relação aos tipos de embalagem que não são recicláveis hoje – seja desenvolvendo e executando um plano eficiente para fazer a reciclagem funcionar, ou inovar para que deixem de ser necessárias.

Definir metas ambiciosas de redução

Reconhecendo que a ação voluntária da indústria por si só não tem condições de gerar mudanças em escala e ritmo necessário, a Fundação sugere aos governos:

Estabelecer políticas e mecanismos que forneçam financiamento direcionado e estável para coleta e seleção, por meio de contribuições da indústria, como responsabilidade estendida do produtor (REP), sem as quais a reciclagem dificilmente crescerá

Definir uma direção global e criar uma estrutura internacional de ação, por meio Assembléia da ONU para o Meio Ambiente, com base na visão de uma economia circular para os plásticos

O relatório e os dados individuais dos signatários podem ser acessados AQUI.

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