Uma enzima bacteriana mutante capaz de acelerar a reciclagem de garrafas de PET foi desenvolvida por cientistas da companhia francesa Carbios, que trabalha com inovação química voltada para sustentabilidade. Descoberta originalmente em um composto, a enzima reduziu as garrafas plásticas a fragmentos químicos que puderam ser usados para a produção de novas garrafas, mantendo a mesma qualidade da resina virgem.
A empresa francesa planeja usar a tecnologia para reciclar plásticos em escala industrial dentro de cinco anos. A companhia fechou parceria com grandes empresas, como a Pepsi e a L’Oréal, para acelerar o desenvolvimento da enzima.
A nova enzima foi revelada em pesquisa publicada neste mês na revista científica Nature. O trabalho começou com a triagem de 100.000 micro-organismos para encontrar candidatos promissores, incluindo o composto no qual a enzima foi encontrado, descoberto pela primeira vez em 2012. “Ele estava completamente esquecido, mas acabou sendo o melhor”, explicou o professor Alain Marty, da Université de Toulouse, na França, diretor de ciências da Carbios.
Os cientistas analisaram a enzima e introduziram mutações para melhorar sua capacidade de quebrar o PET, material de que as garrafas são feitas. Eles também a tornaram estável a 72 °C, próximo à temperatura perfeita para degradação rápida, segundo os estudos.
A equipe usou a enzima otimizada para quebrar uma tonelada de garrafas plásticas usadas, que foram degradadas em 90% em 10 horas. O material foi usado para criar novas garrafas de plástico de qualidade alimentícia.
A Carbios fez um acordo com a empresa de biotecnologia Novozymes para produzir a nova enzima em escala. Segundo a companhia, o custo da enzima representa apenas 4% do custo do plástico virgem feito a partir de petróleo. Como as embalagens plásticas precisam ser trituradas e aquecidas antes da adição da enzima, o PET reciclado acaba saindo mais caro que o plástico virgem. Mas Martin Stephan, vice-presidente executivo da Carbios, diz que a boa qualidade do plástico reciclado deve compensar o investimento.
Fonte: The Guardian