Um novo olhar sobre os processos entre a criação e a impressão de embalagem
Por Leonardo Boulos*
Artigo publicado na revista EM+, edição 1, maio-junho de 2017
O cenário atual do mercado de embalagem força uma nova postura para os negócios e sugere uma agenda mais integrada em toda a cadeia de desenvolvimento, principalmente entre os brand owners, as agências e os gráficos. O ideal é que cada etapa do design tenha seus especialistas, ou seja, que o criativo foque em ter as melhores ideias, que a gráfica tenha o melhor padrão de reprodução e que a premedia tenha total responsabilidade por essa ligação entre eles.
Esse raciocínio nasceu em resposta ao ritmo acelerado da tecnologia em inovação e aos lançamentos de produtos em grande escala, seja por mudanças de posicionamento das marcas, seja para atender as expectativas cada vez mais altas dos consumidores. Diante desse cenário, como podemos aumentar a eficiência produtiva e, ao mesmo tempo, garantir uma quantidade maior de peças finalizadas?
De um lado são desenvolvidos projetos com design inovador. Do outro, existem as características de cada sistema de impressão. Apenas com um entendimento técnico profundo pode-se criar uma embalagem perfeitamente reproduzível e ao mesmo tempo fiel à expectativa do conceito inicial. Assim sendo, é imprescindível que o designer tenha em mente “para onde o material está sendo produzido”, e que as gráficas busquem flexibilizar seus métodos com foco no cliente, na indústria.
Projetos de packaging percorrem longos caminhos até a aparição no mercado. Essa ponte, conhecida como design-to-print, que liga a criação com o veiculação de fato, leva o nome de premedia – categoria de agência que preenche esse gap entre os escritórios criativos e os parques gráficos (ver quadro abaixo).
Esse modelo propõe organizar todo o fluxo de trabalho e gerenciar os processos até atingir um nível de produtividade surpreendente. Pode-se dizer que é uma categoria já consolidada nos Estados Unidos e na Europa, mas que no Brasil ainda dá os seus primeiros passos. De fato, é uma grande oportunidade a ser explorada. No cenário ideal, o mercado necessita de criativos focados em criar, e de técnicos para assumir as etapas de finalização e otimizar os processos. Ter esses profissionais envolvidos nos projetos garante um percurso certeiro. A escolha desse caminho assegura todas as adequações necessárias para a excelência da impressão: técnica, agilidade, qualidade, redução do time-to-market, proteção do trajeto dos arquivos e maior capacidade de resposta, tanto em relação ao investimento feito pelo cliente como em relação à habilidade de reprodução da ideia original.
A proposta de mudança que vejo para esse segmento se apresenta como uma nova perspectiva sobre o mercado de premedia, com um olhar mais atento aos processos. A ideia é flexibilizar e humanizar essa fase com um diagnóstico preciso e com a aplicação de métodos customizados.
Entre os grandes ganhos que podemos observar vale destacar a diminuição das perdas, que geralmente não são contabilizadas – leia-se erros, falhas decorrentes de desvios ou falta de alinhamento entre os departamentos envolvidos. Uma vez que o cliente se apropria dos benefícios da premedia, passa a minimizar despesas com retrabalhos, e consequentemente a diminuir custos desnecessários. Na análise final de um projeto, é possível mensurar savings significativos de até 30% com a ausência de refações e de até 70% de aproveitamento com a eliminação de erros nessa etapa.
Com o melhor direcionamento dos recursos e das expectativas iniciais atingidas, vejo uma grande oportunidade de melhora para o mercado como um todo. É um modelo que inevitavelmente irá crescer muito nos próximos anos, seja através da forma interdependente que amarra os elos da cadeia, seja pela percepção do cliente em relação aos diferentes formatos de agências de design de embalagem.