Reportagem publicada na revista EmbalagemMarca 212, maio de 2017
Embalagens de papel cartão dão lugar a filmes flexíveis nas embalagens de congelados da Sadia
Recentemente, duas linhas de produtos congelados da Sadia – empanados e pratos prontos – passaram a adotar embalagens flexíveis em lugar dos tradicionais cartuchos de papel cartão que hoje dominam a categoria nos freezers do varejo. O que, para os mais desavisados, pode ser apenas mais uma troca de materiais de embalagem entre tantas registradas corriqueiramente, aos editores desta revista indicam ser o sinal de uma mudança mais significativa, e possivelmente sem volta, capaz de mudar o padrão de uma categoria inteira.
O que leva EmbalagemMarca a acreditar nessa ruptura são os benefícios auferidos pelo fabricante, somados à percepção positiva do consumidor – uma combinação imbatível.
“Partimos de um cenário inicial em que usávamos entre 90g e 200g de embalagem por quilo de produto acondicionado para uma situação em que esse consumo caiu para a faixa de 73g a 118g por quilo de produto embalado, gerando uma redução de até 45%”, conta Geraldo Cofcewicz, gerente de pesquisa e desenvolvimento de embalagens da BRF, dona da marca Sadia. “As embalagens primárias passaram de 48g para 5g, e já temos recebido retornos positivos sobre a satisfação dos nossos parceiros, como a facilidade oferecida aos promotores na reposição e na distribuição dos produtos na gôndola, a colocação de mais produtos no mesmo espaço disponível anteriormente e a qualidade da comunicação e da impressão”, detalha.
De acordo com o executivo, as primeiras reações do consumidor são favoráveis, e estão sendo acompanhadas de perto pela BRF. Além da percepção de que se trata de um produto inovador, a empresa diz ter registrado muitos feedbacks positivos sobre a nova embalagem, mencionando que ela faz com que o produto fique mais protegido e que facilita o armazenamento em casa. Cofcewicz conta que, durante o projeto, algumas pesquisas com consumidores revelaram, por exemplo, problemas com o excesso de embalagem em empanados, que dificultavam a colocação no freezer doméstico. Havia também a queixa de que, ao remover o cartucho para armazenar apenas seu conteúdo, reduzindo o espaço ocupado, os clientes perdiam a informação sobre o prazo de validade e as sugestões de preparo. “Conseguimos ajustar esses pontos com a mudança para as embalagens flexíveis”, comemora o especialista da BRF.
Os filmes utilizados são, basicamente, estruturas de polietileno, polipropileno e poliéster, em composições que variam de acordo com as necessidades de cada item embalado. Na transição dos cartuchos para as embalagens flexíveis, a BRF alterou também a tecnologia de marcação de informações como datas de validade e número de lote. “Passamos a utilizar a gravação a laser, que torna os dados indeléveis e ainda dispensa o uso de tintas e diluentes em nossas linhas de produção”, afirma Cofcewicz.
O projeto, que se materializou nas duas categorias citadas, iniciou-se em 2015, e envolveu a participação de fornecedores de máquinas, equipamentos e materiais de embalagem. “Houve conversas com todos os envolvidos na cadeia de suprimentos e com nossos diferentes times internos, como fábrica, engenharia, P&D, inovação, marketing e vendas, pois era uma mudança significativa, com inúmeras variáveis, e que afetava, num único movimento, muitas linhas por categoria”, explica o gerente da BRF.
A magnitude dos movimentos, em termos de alterações no sistema de embalagem das linhas de congelado e os bons retornos registrados desde o lançamento dos produtos no mercado levam a crer que, em breve, outros itens das marcas pertencentes à BRF podem migrar para os filmes flexíveis. A empresa não confirma. Apenas diz que “entende e procura tratar todos os desafios do mercado como oportunidades para encontrar novas possibilidades de atendimento aos clientes e consumidores”.
As duas embalagens ainda convivem nas gôndolas, mas em breve as cartonadas devem desaparecer