Foi lançada, no último dia 30, a Rede de Comercialização Zona Sul, formada por cinco cooperativas de catadores de São Paulo (SP) e apoiada pela PepsiCo. Em 2012, a companhia passou a apoiar essas cooperativas com o intuito de melhorar as condições de trabalho dos cooperados por meio da qualificação técnica e institucional, realizada em parceria com o Gaia Social, e incentivar o aumento da reciclagem, com foco nos plásticos PET e BOPP (polipropileno biorientado).
Somente na primeira fase, ao longo de catorze meses, foram realizadas 416 horas de treinamento, abrangendo aspectos como Planejamento Estratégico; Elaboração de Projetos e captação de recursos; Formação da Rede; Modelo de Negócios; Visitas Benchmark; Desenvolvimento de Lideranças – cooperativismo; Desenvolvimento de Lideranças – Rede; Avaliação contábil, fiscal e trabalhista; e Monitoramento e avaliação de processos internos de produção.
“Nosso foco com esse projeto é desenvolver a cadeia de reciclagem, incrementando, principalmente, a compra e aplicação do BOPP reciclado. Há um ano, quando iniciamos a parceria, os cooperados não faziam a triagem deste material. Hoje, eles foram capacitados para isso e percebem uma oportunidade de negócio, por meio da atuação em rede. Os reflexos também se dão na coleta de outros materiais, como PET, papelão e embalagem longa vida, que tiveram um aumento de 15% do volume coletado”, diz Regina Teixeira, gerente de Assuntos Corporativos da PepsiCo Brasil.
De acordo com um estudo realizado pelo Ipea, a reciclagem no Brasil movimenta cerca de R$ 12 bilhões ao ano, no entanto, erros de manuseio e perdas no setor chegam a R$ 8 bilhões no mesmo período. A pesquisa mostra que parte do problema está na forma como o material é manipulado. A separação correta transforma o lixo em potencial resíduo, do contrário, vira rejeito e é destinado a aterros.
Neste sentido, o Projeto com Cooperativas realizado pela PepsiCo foca na capacitação dos envolvidos, e a triagem correta do BOPP já mostra resultados importantes. Hoje, as cooperativas participantes já têm capacidade de separar uma tonelada por mês deste resíduo. Além disso, a capacitação também reflete de forma positiva no negócio das cooperativas. No início do trabalho, por exemplo, o BOPP recolhido era vendido a R$ 0,30 o quilo e hoje o material já pode ser vendido a R$ 0,50 o quilo – qualificação que também impacta na comercialização de PET, que sofreu aumento de 35% no valor para a venda, uma vez que em Rede, o volume é maior e o material é destinado diretamente à indústria recicladora.
Além disso, nesse primeiro ano, a renda média dos cooperados, que não ultrapassava um salário mínimo, sofreu um aumento de 38%. “A atuação em rede permite a comercialização em conjunto de resíduos, refletindo no aumento do volume total, o que facilita a venda direta à indústria, agregando valor aos resíduos e, consequentemente, da renda coletiva e individual dos cooperados. No projeto, a Rede também está sendo trabalhada como um negócio social, e esta transformação de olhar, inclusive dos próprios cooperados, é importante para entender cada cooperativa como uma microempresa, além de capacitar e nos fortalecer como importantes agentes ida reciclagem”, destaca Telines Basílio do Nascimento, um dos líderes da Rede de Comercialização Zona Sul.
A Rede de Comercialização Zona Sul é formada pelas cooperativas CooperCaps, CooperPac, CooperGaia, CooperCral e Cooperativa Nossos Valores e reúne 160 cooperados, dos quais 60% são mulheres. Para este ano, na segunda fase do Projeto, a proposta é trazer uma abordagem mais prática de treinamento, com consultores que visitarão às cooperativas e trabalhar intervenções na rotina dos cooperados. Além da constituição, a proposta para 2014 também é fazer a incubação da Rede.