Remarcações de resinas irritam transformadores

Comunicados ao mercado nos últimos dias, novos anúncios de reajustes de preços das resinas plásticas, a vigorar nas primeiras semanas de outubro, foram recebidos com indignação pelas empresas brasileiras de transformação.

Principal fornecedora nacional de polietilenos, polipropileno e PVC, a Braskem confirmou aumentos da ordem de 700 reais por tonelada de material. A Dow, com fábricas na Argentina, anunciou reajuste parecido, de 600 reais por tonelada, para os polietilenos comercializados no Brasil.

De acordo com José Ricardo Roriz Coelho, presidente da Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast), a alta no preço local das resinas foge ao contexto internacional. “A demanda mantém-se estagnada por uma crise de dimensões ainda não estimadas e os preços do petróleo e dos insumos utilizados para fabricação das resinas estão em queda”, argumenta o executivo.

Segundo monitoramento da Abiplast, em setembro o preço do petróleo Brent recuou 3,5%. Nesse mesmo período, o valor do eteno caiu 10% no mercado europeu, 17% no americano e 4% no asiático. Os preços do polietileno também registraram redução – 9% na Europa, 6% nos EUA e 3% na Ásia.

A entidade repassa que o propeno, matéria-prima para o polipropileno e o PVC, passou por movimentos internacionais de preços similares. “Somente no Brasil a tendência foi inversa, com uma alta média de 5% e anúncios de praticamente mais 15% para outubro”, diz Roriz.

Na opinião do presidente da Abiplast, as remarcações de preços das matérias-primas plásticas favorecem o monopólio de resinas – que, segundo ele, já praticaria no mercado brasileiro preços quase 35% mais altos do que os internacionais, graças à proteção de uma alíquota de 14% para importações e potencializada por direitos antidumping de PVC e PP. “A situação pode acarretar a diminuição da competitividade e o aumento da vulnerabilidade da indústria de transformação de plásticos”, diz Roriz.

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