Por Alessandra Souza*

A estrutura familiar brasileira tem se transformado rapidamente, com o crescimento de lares unipessoais e famílias menores. Dados recentes do IBGE – divulgados no fim do ano passado – apontam que 18,9% são ocupados por apenas uma pessoa, um salto em relação a 2010, quando essa proporção era de 12,2%. Já o número de famílias formadas por casais sem filhos também cresceu: passou de 16,1% para 20,2% no último censo.
Esse cenário, aliado ao aumento dos custos alimentares, impulsiona a demanda por porções fracionadas e embalagens que prolonguem o frescor. Nesse contexto, o case-ready, com termoformados, emerge como a solução estratégica que a indústria pode adotar para atender a essa nova realidade de consumo.
Uma característica marcante da termoformagem é sua flexibilidade em termos de design e escala. Moldes podem ser personalizados para cada aplicação, permitindo produzir desde pequenos pacotes específicos para queijos até bandejas maiores destinadas a cortes especiais de carne.
Alimento Seguro: benefício indiscutível para o consumidor
Além do design, os termoformados trazem outro benefício essencial para o consumidor moderno: a segurança do alimento. Nos últimos anos, o varejo vem transitando de balcões com produtos a granel para itens embalados já na origem ou em centrais de processamento. Setores do supermercado como açougue e a bancada de frios hoje oferecem a maior parte dos produtos já embalados.
Com essa mudança, cresce a necessidade de embalagens que minimizem o contato humano e aumentem a proteção do produto. No caso das carnes frescas, o uso de embalagens termoformáveis com alta barreira garante a preservação das propriedades sensoriais, como textura, cor e frescor, além de proteger contra contaminações externas. Tecnologias como o Vacuum Skin Packaging, em que o produto é envolvido por um filme aderente, promovem proteção adicional contra oxidação, potencializam a maturação úmida (wet aging), mantêm a carne visualmente atrativa por mais tempo e aumentam significativamente sua vida útil nas gôndolas.
Além de funcionais, essas soluções oferecem resistência mecânica superior, fator crucial no manuseio e transporte de produtos como carnes ou alimentos com molhos. Rompimentos, vazamentos e contaminações cruzadas são minimizados, contribuindo para a segurança e a experiência do consumidor. A possibilidade de incorporar lacres invioláveis e materiais certificados para contato com alimentos também fortalece a confiança na integridade do produto.
O impacto do desperdício de alimentos no Brasil e no mundo
Adicionalmente, as embalagens termoformadas possibilitam o porcionamento inteligente, o que também evita desperdício doméstico. Porções individuais ou seladas separadamente permitem que o consumidor abra apenas o pacote do item que irá consumir, mantendo os demais preservados. Dados do setor mostram que o formato single-serve tem efeito benéfico: as porções seladas individualmente permanecem frescas até o consumo, reduzindo a chance de descarte.
Esse fator se conecta diretamente ao desafio global do desperdício alimentar. É alarmante constatar que cerca de 14% de todo o alimento produzido se perde entre a produção e o ponto de venda. No Brasil, a situação é ainda mais crítica, com o descarte anual de mais de 55 milhões de toneladas de alimentos, o que representa aproximadamente 34% da produção nacional.
Ao preservar a integridade do alimento e minimizar perdas, as embalagens termoformáveis otimizam o uso de recursos naturais e reforçam o pilar da sustentabilidade. Quando corretamente descartadas, muitas dessas embalagens são recicláveis, viabilizando a reinserção de seus materiais na cadeia produtiva e minimizando o impacto ambiental pós-consumo.
Perspectivas para o setor: impulso à implementação e crescimento global
O futuro das embalagens termoformáveis na indústria alimentícia é bastante promissor, ainda que desafiador. Com a crescente demanda por conveniência, segurança e sustentabilidade, espera-se que essa solução se fortaleça como padrão em diversos segmentos.
Estima-se que o mercado global de embalagens plásticas termoformadas atinja cerca de US$ 11 bilhões até 2030, com uma taxa de crescimento anual composta de cerca de 5% entre 2023 e 2030.
Esse avanço será impulsionado pela demanda contínua por produtos alimentícios práticos, prontos para consumo ou preparo rápido, além da necessidade crescente de embalagens resistentes e seguras num cenário de cadeias de suprimentos mais complexas. O crescimento do e-commerce de alimentos, incluindo carnes e congelados, também aumenta a demanda por este formato, que garante a qualidade e aparência dos alimentos durante o transporte.
Em resumo, as soluções case-ready são uma resposta eficaz às novas demandas do mercado, unindo tecnologia, segurança e praticidade. Elas garantem proteção e conservação necessárias, oferecendo flexibilidade para se ajustar às porções e estilos de vida atuais, além de possuírem um forte apelo visual.
A convergência entre inovação em materiais, excelência operacional e foco nas preferências do consumidor definirá o futuro da indústria alimentícia. As tendências atuais indicam claramente que produtos em soluções case-ready permanecerão na vanguarda do setor, proporcionando produtos mais frescos, acessíveis e sustentáveis para uma população em constante mudança. Em um mercado onde embalagens fazem a diferença, apostar na inovação é, sem dúvida, uma estratégia do presente alinhada ao futuro.