No início deste ano, a Alpla adquiriu a participação majoritária na Clean Bottle, líder em reciclagem de PEAD no Brasil. A aquisição traz maior capacidade local de coleta e processamento, amplia a oferta de material reciclado de qualidade para embalagens sustentáveis e amplia a infraestrutura de economia circular na América Latina.
Essa movimentação estratégica não apenas amplia a capacidade de reciclagem no País, mas redefine o controle de qualidade e a rastreabilidade na cadeia do plástico.
Para entender os impactos dessa parceria transformadora, os ganhos para o fornecimento de material reciclado pós-consumo (PCR) e os planos ambiciosos da Alpla para o futuro da reciclagem na América do Sul, EmbalagemMarca conversou com o diretor comercial da Alpla para a América do Sul, Patrick Gulli. Ele diz que a aquisição representa uma verdadeira “virada de chave” no compromisso da Alpla com a economia circular e o atendimento às crescentes demandas por um futuro mais verde.
EmbalagemMarca: A Alpla adquiriu uma participação majoritária na Clean Bottle. Qual a capacidade de reciclagem e quais materiais são reciclados?
Patrick Gulli: Com essa aquisição, incorporamos uma operação moderna e estratégica, com capacidade para processar aproximadamente 20 mil toneladas anuais de PEAD (polietileno de alta densidade) pós-consumo. Trata-se de uma planta de alta eficiência, focada na produção de resina reciclada de qualidade superior, atendendo exigências técnicas rigorosas para aplicações em cosméticos, produtos de limpeza, óleos e lubrificantes. Estamos falando de um processo robusto, com rastreabilidade total e alinhado aos mais altos padrões internacionais.
Como essa aquisição impacta diretamente a capacidade da ALPLA de atender à crescente demanda por soluções de embalagens sustentáveis e quais ganhos específicos ela traz para o fornecimento de material reciclado pós-consumo (PCR)?
É uma virada de chave. Ganhamos escala, agilidade e previsibilidade no fornecimento de PCR, com controle total de qualidade. Além disso, passamos a ter mais visibilidade e governança sobre toda a cadeia de abastecimento, inclusive na origem da sucata. Isso nos permite garantir que nossos parceiros, como cooperativas e associações, estejam alinhados com os padrões sociais, ambientais e regulatórios exigidos por nossos clientes. O resultado é uma operação mais confiável, rastreável e preparada para atender às crescentes exigências por embalagens sustentáveis com alto desempenho técnico.
De que maneira essa integração vertical, através da aquisição da Clean Bottle, fortalece a posição da ALPLA no mercado brasileiro e sul-americano de embalagens sustentáveis?
A integração vertical nos dá autonomia estratégica. Reduzimos riscos logísticos, aumentamos o controle sobre a cadeia e nos posicionamos como um parceiro completo em economia circular. No Brasil, já estamos colhendo os frutos dessa abordagem. E na América do Sul, esse modelo se consolida como referência. Hoje conseguimos oferecer aos nossos clientes uma solução completa, da coleta ao novo frasco, com rastreabilidade, consistência e comprometimento ambiental.
Quais são os planos futuros da ALPLA para expandir suas operações de reciclagem para além do Brasil na região, e como a experiência adquirida com a Clean Bottle pode ser replicada em outros mercados sul-americanos?
A experiência com a Clean Bottle vem nos trazendo aprendizados valiosos sobre os desafios e as oportunidades do setor de reciclagem na América do Sul. Essa vivência fortalece nosso entendimento da cadeia e pode, sim, servir de base para iniciativas semelhantes em outros países da região. Estamos sempre atentos a boas oportunidades de investimento que estejam alinhadas à nossa estratégia de circularidade e que façam sentido localmente. A prioridade é ampliar o impacto positivo das embalagens sustentáveis com soluções que unam viabilidade técnica, escala e responsabilidade ambiental.
Atualmente, a ALPLA já utiliza cerca de 32% de material PCR na produção de embalagens de PEAD no Brasil. Considerando essa nova parceria e suas metas globais de reciclagem, qual é a projeção da ALPLA para o aumento da porcentagem de PCR em suas embalagens no Brasil?
Seguimos comprometidos com o avanço da economia circular e com o aumento gradual do uso de material reciclado em nossas embalagens. A parceria com a Clean Bottle fortalece essa jornada, ampliando nossa capacidade local de fornecimento. No entanto, é importante reconhecer que o custo do PCR ainda representa um desafio, podendo limitar o ritmo de crescimento em algumas aplicações. O avanço depende de toda a cadeia, desde o comprometimento dos “brand owners” em adotar conteúdo reciclado, até o reconhecimento do consumidor sobre o valor ambiental dessas soluções. Temos visto progresso nesse sentido, com metas claras de sustentabilidade por parte dos nossos clientes e maior conscientização do mercado. Continuaremos trabalhando em conjunto para ampliar o uso de PCR de forma estruturada, responsável e tecnicamente viável.