Novos hábitos do consumidor influenciam na criação de embalagens

Por Zeuner Fraissat*

*Zeuner Fraissat é sócio-fundador da Zaic Branding

Preocupação com as condições ambientais e sociais ao seu redor, digitalização, olhar atento ao consumo em excesso e (ao mesmo tempo) busca por conexões humanas e reais.

Mesmo quando parecem contraditórias, as tendências de comportamento moldam as soluções oferecidas por marcas em todo o mundo. Isso inclui não apenas a criação de novos produtos ou serviços, mas a maneira como eles são apresentados ao mundo – como por exemplo, suas embalagens.

É claro que esse processo de criação deve levar em consideração as inovações disponibilizadas por uma indústria em constante desenvolvimento. Mas as embalagens também precisam endereçar os novos hábitos do consumidor, assim como os aspectos emocionais de seu comportamento.

Isso porque, embora tenham sempre sido uma plataforma importante de marca, elas ganharam uma nova função nos últimos anos: a de ampliar a comunicação entre empresas e seus clientes.

Mas como?

Com recursos como a inclusão de códigos QR nos frascos, para levar a mais informações sobre o produto ou oferecer serviços adicionais, dando ares de personalização à embalagem.

Com um aplicativo que ajuda a achar as cores que melhor combinam com seu novo batom, ou outro que ajuda a montar uma rotina de exercícios para quem compra produtos voltados ao universo fitness. Entre muitas outras possibilidades.

Esses recursos também ganham contornos de entretenimento quando combinados à realidade ampliada, trazendo elementos lúdicos para o produto, criando movimento nas embalagens, durante a experiência de compra ou mesmo no momento do consumo.

Ainda no âmbito phygital, está claro hoje que o produto tem de se tornar atraente também na vitrine virtual.  Para isso, a informação tem de estar clara e simplificada nos rótulos – criando mais impacto de imagem na comunicação.

Mudanças sociais

Para além das novas tecnologias, as mudanças sociais ao nosso redor também acabam por influenciar a maneira como consumimos. E isso acaba transparecendo no design dos produtos e suas embalagens.

Identificamos, por exemplo, uma busca cada vez maior por produtos e marcas mais sustentáveis ambientalmente, além de uma atenção maior aos preços, em contexto de inflação global.

Como resultado dessa procura por sustentabilidade, temos visto iniciativas para alterar a matéria-prima de produção, trazer mais informações no rótulo sobre a pegada ecológica dos produtos e até na direção de reduzir a quantidade de material nas embalagens.

Vale comentar também a adoção já frequente de refis para aproveitar os frascos originais, além da maior oferta de logísticas reversas pelas empresas. São ideias que parecem antigas, mas que começam agora a ganhar tração, por exemplo em marcas de luxo, um mercado que deve crescer ainda mais nos próximos anos.

A busca por momentos de bem-estar também entra nessa jogada. Vivemos uma época que, se não podemos chamar de pós-pandêmica, sem dúvida ainda carrega as consequências dela – como a valorização dos pequenos prazeres da vida, e a interação humana.

Nesse contexto, quando se trata do design de produtos e suas embalagens, entram em campo elementos como linguagens divertidas, formatos inesperados, colecionáveis e a tendência do unboxing.

Por último, temos de levar em conta que a confiança em companhias e instituições têm diminuído, e as marcas devem olhar para dentro de si mesmas para entender como reconquistar a conexão com seus públicos com base na verdade e transparência.

Não é segredo: os consumidores estão mais céticos e mais exigentes. Por isso, é importante compreender quais os aspectos que tornam sua marca única, singular – e, então, comunicar isso de forma consistente.

Aqui, as oportunidades estão na oferta dentro e fora das embalagens, a exemplo da conexão com a produção local de ingredientes, a comunicação clara de benefícios e elementos que tornem o uso mais prático e conveniente, e com menor impacto ambiental.

É, portanto, missão das marcas responder aos hábitos e necessidades do consumidor em todos os aspectos de sua expressão. Parece um desafio e tanto – e é. As vantagens de se estar à altura dessas novas demandas, contudo, são diversas (em números e muito além deles).

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