No Brasil, alguns materiais têm baixa reciclabilidade. É o caso do poliestireno (PS), tipo de plástico usado normalmente em bandejas de iogurte, copos plásticos, entre outras embalagens. Mas, por meio do programa Yattó Transforma PS, desenvolvido de forma pioneira com a Danone no ano passado, a startup tem estruturado a cadeia, levando renda extra para os profissionais e permitindo a transformação desse resíduo.
Esse foi o tema do Comitê Yattó Transforma PS, que aconteceu em 15 de abril, em São Paulo. Na ocasião, Yattó e Danone contaram sobre os resultados e aprendizados do projeto-piloto. Também participaram das conversas representantes da indústria do plástico, para explicar quais são os principais desafios na utilização desse material já reciclado (chamado rPS). Na ocasião, também estiveram presentes outras empresas que utilizam o poliestireno e foram convidadas a debater o tema e integrar a cadeia de logística reversa desse plástico, ampliando as taxas de reciclagem.
“No programa pioneiro com a Danone, iniciamos por um diagnóstico preciso, que permitiu entender o cenário e evoluir para as soluções efetivas junto às cooperativas e aos catadores parceiros, conquistando resultados importantes”, explicou Luiz Otávio Grilo, cofundador e diretor Institucional da Yattó. Ao todo, mais de 560 catadores de 26 cooperativas foram impactados positivamente em 2023, gerando a reciclagem de 34 toneladas de poliestireno, que equivale a 8 milhões de copinhos de iogurte. Com isso, os profissionais receberam mais de 45 mil reais.
Dentro da categoria PS, os materiais claros são os que trazem resultados mais interessantes de aplicação. “Quando falamos dos coloridos, o desafio é ainda maior e por isso demos prioridade a eles, já que a reciclagem leva a um insumo mais escuro. Fora do país já ouvimos a frase ‘the grey is the new green’, em uma tentativa de explicar aos consumidores por que as embalagens são cinzas, com matéria-prima reciclada, e a importância disso na sustentabilidade”, disse Leonardo Lopes, cofundador e diretor de Operações da Yattó.
Após os debates, ficou evidente a necessidade de descobrir maneiras de usar o PS reciclado e escuro na indústria, assim como de pensar em desenhos mais funcionais, que tornem os produtos pós-consumo mais fáceis de transformar. A conscientização do consumidor também foi mencionada como fundamental, já que o processo de logística reversa não aconteceria sem a participação dele na separação dos resíduos recicláveis.
“As conversas são necessárias para inspirar novas soluções. No mercado da reciclagem as parcerias são essenciais e trazem resultados em escala, o que não podemos perder de vista. É um tema em que a união dos atores vira força, por mais clichê que pareça. Quanto mais gente envolvida e engajada, mais sucesso teremos”, completa Grilo.